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COLÔMBIA
Presidente diz que, se o governo colombiano pedir, negocia com guerrilheiros para auxiliar processo de paz
FHC admite dialogar com guerrilha
LARISSA PURVINNI
da Redação
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou estar disposto a conversar com a guerrilha
para auxiliar o processo de paz na
vizinha Colômbia. "Se o governo
da Colômbia nos pedisse, dialogaríamos com a guerrilha", afirmou em entrevista ao jornal colombiano "El Tiempo".
FHC descartou a participação
do Brasil em uma eventual intervenção militar no país. "O Vietnã
foi ontem. E nós não queremos
ser a polícia da América do Sul."
Recentemente, autoridades dos
EUA declararam que o conflito
colombiano ameaça a estabilidade da região e que a guerrilha age
militarmente em outros países,
incluindo o Brasil.
Os EUA disseram descartar
ação militar, mas passaram a tentar convencer os vizinhos a oferecer ajuda à Colômbia. FHC afirma, no entanto, não ter sido consultado sobre a possibilidade de
intervenção nem pela Colômbia
nem pelos EUA.
Segundo ele, o Brasil não apoiaria uma intervenção militar nem
mesmo se o presidente colombiano, Andrés Pastrana, pedisse.
Para FHC, o Brasil poderia colaborar com a paz apoiando o diálogo entre governo e guerrilha.
A oferta de mediação já havia sido feita pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ao contrário
de FHC, Chávez manifestou intenção de se reunir com a guerrilha com ou sem autorização do
governo colombiano, o que gerou
protestos do país vizinho.
A maior guerrilha do país, as
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), tenta ser reconhecida pelo governo brasileiro
como "força beligerante". Nesse
caso, passaria a ser tratada como
um Exército que disputa a soberania com o governo colombiano.
Com esse objetivo, recentemente as Farc pediram autorização
para instalar um escritório de representação no Brasil. O Itamaraty informou, na época, que o
governo brasileiro não mantinha
diálogo com a guerrilha.
A estratégia brasileira vinha
sendo a de reforçar a posição de
Pastrana, que poderia ficar enfraquecida pela visibilidade internacional da guerrilha.
Em relação a possível acordo
para constituição de área de livre
comércio entre o Mercosul e o
Pacto Andino (formado por Venezuela, Colômbia, Equador e Peru), FHC afirmou que o fato de a
Colômbia ser um país em guerra
não é motivo de preocupação.
"A Colômbia vive em guerra há
40 anos e, apesar disso, tem democracia, eleições e uma balança
comercial que cresce."
Ele definiu o conflito colombiano como uma "guerra institucionalizada". "Dá a impressão de
que nenhum dos lados quer arrasar o outro", afirmou.
Em relação a críticas feitas ao
presidente venezuelano, Hugo
Chávez, FHC disse que ele "não
feriu os princípios fundamentais
da democracia". Chávez é acusado pela oposição de autoritarismo. Seus partidários são maioria
na Constituinte, que reduziu as
funções do Congresso e interferiu
no Poder Judiciário.
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