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ORIENTE MÉDIO
Partido que obteve a maioria absoluta do Parlamento na eleição de anteontem diz que manterá postura pró-Ocidente
Após vitória, partido islâmico turco promete moderação
DA REDAÇÃO
Após a ampla vitória nas eleições parlamentares de anteontem
na Turquia, o Partido da Justiça e
do Desenvolvimento (AKP), que
tem raízes islâmicas mas rejeita o
rótulo de partido muçulmano,
prometeu ontem manter a postura pró-Ocidente do país, agindo
rapidamente para tentar aplacar
os temores de que esse aliado-chave dos EUA pudesse abandonar seu tradicional secularismo.
O atual premiê, Bulent Ecevit,
77, apresentou ontem sua renúncia, após sua agremiação, Partido
da Esquerda Democrática (DSP),
ter obtido só 1% dos votos. Ele
permanecerá no cargo até a formação de um novo governo.
O AKP obteve a maioria parlamentar absoluta nas eleições de
anteontem, em grande parte graças ao descontentamento popular
por causa da grave crise econômica por que passa o país.
A vitória do AKP poderia provocar medo entre os militares do
país, poderosos e assertivamente
seculares, que já derrubaram no
passado governos pró-islâmicos.
Porém o partido vencedor garantiu que não busca o confronto.
O líder do partido, Tayyip Erdogan, 48, disse ontem que o AKP é
de centro-direita e não orientado
pela religião, acrescentando que
suas "práticas futuras mostrarão
isso claramente". "Estamos prontos para assumir nossas tarefas,
para acelerar a entrada na União
Européia, integrar o país à economia mundial e fazer nossos cidadãos turcos se sentirem como cidadãos de primeira classe", disse.
Erdogan relacionou o que ele
via como os problemas do país,
enfatizando os problemas econômicos e mencionando abusos aos
direitos humanos. Ele também citou as "barreiras ao direito da
educação", numa referência aparente à controversa restrição ao
uso de véus por mulheres muçulmanas nas universidades.
O partido de Erdogan recebeu
34,2% dos votos, enquanto o Partido Popular Republicano (CHP)
teve 19,4%. Apesar de o voto ser
obrigatório, 21% dos eleitores não
compareceram às urnas.
Os demais partidos não obtiveram o mínimo de 10% dos votos
necessário para garantir presença
no Parlamento. Com isso, o AKP
conquistou 363 das 550 cadeiras,
enquanto o CHP ficou com 178.
As demais nove cadeiras ficaram
com candidatos independentes.
Apesar de Erdogan liderar o
AKP, sua postulação ao cargo de
premiê foi impugnada por ter sido preso, em 1999, após ler publicamente um poema considerado
pela Justiça como anti-secular.
O AKP se reunirá hoje para escolher um premiê. Seus membros
podem mudar a Constituição para permitir a nomeação de Erdogan -o partido tem apenas quatro votos a menos que o necessário para aprovar uma mudança.
O líder do CHP, Deniz Baykal,
se recusou a descrever o AKP como uma ameaça à secularidade
turca. "Temos de agir de boa fé.
Mas vou manter a precaução."
Com agências internacionais
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