São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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Presidente diz que ganhou capital político

DE WASHINGTON

George W. Bush afirma que ganhou "capital político" com os 59 milhões de votos que recebeu na eleição e que agora vai usá-lo para fazer avançar no Congresso a sua agenda, considerada conservadora pela oposição. "Ganhei capital nesta campanha, um capital político. Agora, vou gastá-lo", disse, ao delinear algumas das reformas.
Questionado em entrevista se, apesar do "capital político", não o incomodava a profunda divisão entre os eleitores religiosos que votaram nele e os menos religiosos que votaram no democrata John Kerry, Bush afirmou: "Mesmo que você não reze, você é tão patriota quanto o seu vizinho. Não creio que esse país ficará dividido por causa de religião."
Nos próximos quatro anos, Bush tomará decisões que vão influenciar anos e décadas à frente depois que tiver deixado a Presidência, em janeiro de 2009. Daí a preocupação com a forte guinada conservadora saída das urnas.
Um dos principais receios é em relação às nomeações de novos juizes com cargos vitalícios para a Suprema Corte. Com média de idade avançada, espera-se que mais de dois juizes venham a ser substituídos no seguindo mandato do presidente por representantes muito mais conservadores.
Na área de costumes, Bush deve tentar passar novamente uma mudança constitucional que proíbe nacionalmente o casamento entre homossexuais.
A expectativa é que também aumente a proporção do Orçamento destinada a programas sociais que estejam vinculados a movimentos religiosos, como já ocorreu no primeiro mandato.
Na economia, o presidente também terá o direito de nomear o novo presidente do Fed (o Banco Central) dos EUA em 2006. O novo indicado estará no cargo durante pelo menos a metade do mandato do próximo presidente.
No Congresso, as duas principais medidas que Bush pretende aprovar são um aprofundamento do corte de impostos para os mais ricos e a privatização de parte do sistema previdenciário.
O Partido Democrata, minoritário e que saiu enfraquecido da eleição, é contra as duas medidas.
"Vamos trabalhar com quem persegue os nossos objetivos", disse Bush, ao responder como será a relação no Congresso com os democratas derrotados.
A privatização de parte da Previdência americana permitiria que os mais jovens tenham liberdade para investir como acharem melhor o dinheiro que receberiam só na aposentadoria.
O problema é que a transição entre os sistemas requer US$ 2 trilhões para garantir que os que estão se aposentando agora recebam seus benefícios, mesmo que os mais jovens deixem de financiá-los. Bush também voltou a prometer mais cortes de impostos em seu segundo mandato, apesar do déficit fiscal recorde atual.
Para o presidente, o buraco nas contas públicas será "reduzido à metade com crescimento, mais arrecadação e corte de despesas".
Sobre alterações de equipe, Bush disse que elas "vão ocorrer, como em qualquer segundo mandato". Ele afirmou que pensará no assunto na casa de campo da Presidência, em Camp David, para onde viajou ontem. (FCz)


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