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Chicago vive dia de expectativa pela vitória de Obama
Democrata vota logo pela manhã, acompanhado de mulher e filhas, e faz única parada da campanha no dia em Indiana
Na base política do senador,
eleitores se aglomeraram desde a manhã em parque onde aconteceria discurso; 70 mil eram esperados
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
Show dos Rolling Stones?
Não, é o palco do discurso pós-eleitoral de Barack Obama, mas
quando os portões se abriram
às 18h15 de ontem (22h15 em
São Paulo), a euforia era a de
um concerto de rock.
Simpatizantes democratas
que entraram na fila às 7h atravessaram correndo a área central do Grant Park, fechada para receber os 70 mil sorteados
pela internet para ver o candidato falar.
No parque mais famoso de
Chicago, à beira do lago Michigan, havia um recuo de alguns
metros entre palco e platéia. O
púlpito reservado para o discurso do Obama era protegido
por uma tela transparente blindada. Ao fundo, um painel azul
e bandeiras americanas completavam o cenário.
"Cheguei às 10h e não estou
nem um pouco cansada. Obama será presidente e estou
muito feliz", disse Faye Wilson,
que acompanhava mais cinco
membros da família -a mais
nova deles era sua neta, Sequoia, de 12 anos. Para conseguir convites, a família mobilizou amigos para entrar no sorteio. O grupo só havia comido
no almoço e carregava cobertas, apesar dos 16ºC serem considerados calor para a cidade
nesta época.
Se a platéia tinha cara de fã-clube, com gritos e aplausos
quando o telão ligado na CNN
indicava um resultado positivo
a Obama, a estrutura montada
pela campanha era coerente:
barracas vendiam brindes como camisetas (US$ 15 a US$
25), pôsteres (US$ 30) e broches (US$ 2 a US$ 5) "oficiais".
O candidato, por sua vez,
cumpria o papel de "popstar"
que marcou sua campanha. No
dia mais importante de sua carreira política, encerrou a tarde
jogando basquete com amigos e
membros de sua equipe, assim
como fez na Convenção Nacional Democrata e nos dias de
primárias importantes.
"Não deixamos ele jogar basquete por meses, não queríamos que ele quebrasse o nariz.
Hoje ele vai jogar e relaxar com
amigos", disse mais cedo o assessor Robert Gibbs.
À tarde, Obama viajou à Indiana, Estado que vota nos republicanos há pelo menos quatro décadas, mas que ele tinha
esperança de ter a seu lado. Em
comitê de voluntários montados por sindicalistas da indústria automotiva de Indianapolis, telefonou para eleitores para convencê-los de que sua plataforma era a melhor.
Pela manhã, ele e sua mulher,
Michelle, votaram na escola
Shoesmith. Levou as filhas, desenhando um quadro "gente
como a gente". A primogênita,
Malia, 10, bocejava longamente
atrás do pai na cabine de votação. Sasha, 7, brincava em baixo
do cavalete que sustentava a
urna. Já o candidato espiava o
voto de Michelle, e mais tarde
comentou: "Ela demorou muito. Eu queria ter certeza em
quem ela estava votando." Ao
final, uma mesária ganhou do
candidato um beijo no rosto.
Nos EUA, o sistema de votação muda de acordo com o Estado, e até com o condado. No
caso de Obama e Michelle, as
cédulas foram preenchidas a
mão e depois passaram por um
leitor ótico.
O reforço de segurança na vizinhança se estendia por ao
menos nove quarteirões do entorno. A rua de Obama tem tráfego controlado há meses pela
polícia local. Ontem, o Serviço
Secreto não permitia que carros ou pessoas parassem nas
proximidades. "Eu não estou
brincando. Saia daqui! Agora!",
gritou um oficial a um morador
que tentava prosseguir em seu
cooper pela zona sitiada.
No gargarejo
Enquanto Obama votava
com a família pela manhã, dezenas de jovens se organizavam
em fila em frente ao Grant
Park.
A polícia local esperava que,
além das 70 mil pessoas contempladas com ingressos distribuídos pela internet, um milhão de pessoas cercassem os
arredores do parque para ao
menos ouvir Obama.
Sam Berkman, 22, estudante
de política ("meu sonho é trabalhar no governo"), foi um dos
primeiros a chegar, logo depois
de votar, às 7h. "Estou aqui com
muita esperança, mas com reservas. Só acredito em Obama
vitorioso quando vir o resultado confirmado", disse ele, com
camiseta da campanha e biografia do candidato na mão. Fome? "Não, daqui a pouco meu
primo vai trazer sanduíches. E
vamos nos revezar para ir ao
banheiro."
A estudante Amber Pike, 18,
estava animada. "Tudo o que eu
quero é ver o Obama na primeira fila, bem perto do palco. Ele é
o primeiro político que vi na vida no qual sinto sinceridade."
O esquema de segurança do
entorno do parque envolveu
Serviço Secreto, polícia local,
bombeiros e até a Guarda Costeira. O maior temor era de revolta popular em caso de derrota de Obama, já que Chicago é
berço político do candidato e
Illinois um dos Estados onde se
esperava que ele vencesse com
maior vantagem.
US$ 696 bilhões
é o gasto militar
estimado para 2008, 45,5% do total mundial
66%
de todo o petróleo
consumido pelos americanos é importado, e
seus maiores fornecedores são Canadá, Arábia
Saudita e México
US$ 455 bilhões
é o déficit orçamentário
deixado pelo governo Bush
em 2008
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