São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

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Na Pensilvânia, democratas rastreiam eleitor em casa

HELOISA PAIT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PITTSBURGH

Em 1992 Sewickley, antigo subúrbio de Pittsburgh, parecia zona proibida para uma democrata como a tradutora Jeanne Zang, 59. Até que em 2004 um vizinho lhe convidou para uma reunião pró-John Kerry no Starbucks local. Vieram quatro pessoas, mas a campanha decolou -e o democrata, embora derrotado por Bush, venceu lá.
Já a campanha de Obama em Sewickley começou ainda nas primárias. E dois meses atrás a Organização Democrata de Quaker Valley, que opera independentemente da Campanha de Obama, alugou uma antiga lavanderia na Beaver Street, rua charmosa do subúrbio, ao lado de pequenas lojas, sapatarias, cafés e joalherias.
"Estamos indo muito bem", diz Barry Pitek, 56, agente de seguros e chefe da organização que reformou e mobiliou a lavanderia com doações em espécie e em trabalho de democratas locais. Com muito café e comida à disposição, os voluntários ficam ao telefone tentando fazer com que os eleitores de fato cheguem às urnas.
Mas esse esforço final não é apenas local. Um banco de dados sofisticado no endereço www.votebuilder.com, administrado pela campanha de Obama, traz dados públicos sobre os eleitores, aos quais são adicionadas informações coletadas nos últimos meses sobre as intenções de voto. Das seções eleitorais vão chegando as listas de quem já votou.
Quem declarou voto a Obama mas ainda não tinha ido às urnas foi alvo dos telefonemas. Se necessário, a campanha pegava o eleitor precioso em casa e levava para seu local de votação. Para Barry, esse esforço todo se justifica, pois "parece haver mais em jogo dessa vez".
Com sua rua principal e uma certa diversidade étnica, Sewickley foge do estereótipo do subúrbio americano sem calçadas, sem comércio e sem graça. Muitos moradores descendem dos empregados domésticos que trabalhavam nos palácios do subúrbio vizinho, Sewickley Heights, construídos no início do século 20, como conta a escritora Autumn Redcross, 40, autora de "African Americans in Sewickey Valley".
A dez minutos, atravessando o rio Ohio, o subúrbio de Moon Township também tem uma particularidade: um bolsão de casas populares, construídas para operários da indústria bélica durante a Segunda Guerra Mundial. Mooncrest, a meia hora de carro de Pittsburgh, enfrenta os mesmos problemas de bairros abandonados nas grandes cidades americanas, como crime e desemprego.
"Esta eleição está aproximando as pessoas", diz Jeanne, que se preocupa com as divisões raciais, sociais e ideológicas no país. Não foi fácil, entretanto, obter entrevistas com republicanos. Talvez eles se sintam como Jeanne em 1992.


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