São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2010

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Marrocos quer lucrar com imagem de ilha de tolerância árabe

Apesar de discurso, país tem problemas com mídia, como recente veto à Al Jazeera

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A AGADIR (MARROCOS)

Mais pobre que a vizinha Argélia e menos influente que os países árabes do Oriente Médio, o Marrocos aposta na imagem de modernidade e tolerância para existir no plano internacional -e tentar lucrar com isso.
A mais recente manobra da permanente campanha de relações públicas foi a organização do 1º Foro Internacional sobre Desenvolvimento Humano, encerrado na última terça-feira em Agadir. Durante dois dias, o governo marroquino apresentou e debateu, diante de centenas de convidados de 30 países e organismos internacionais, o seu plano de combate à pobreza, adotado em 2005.
Chama-se Iniciativa Nacional de Desenvolvimento Humano (INDH) e foi criado pelo rei Mohammed 6º para ser um tipo de PAC social.
O plano inclui obras de infraestrutura, campanhas de alfabetização e crédito para pequenos empresários. Segundo o governo, 5 milhões de pessoas, ou um em cada seis marroquinos, se beneficiam diretamente da INDH.
"O Marrocos será o primeiro país a atingir as Metas do Milênio da ONU [que incluem reduzir a pobreza pela metade até 2015]", diz Abdellatif Jouahri, diretor do Banco Central marroquino.
No encontro de Agadir, o Marrocos ouviu os elogios que esperava, de FMI, Banco Mundial, EUA e Arábia Saudita, que contribuem com mais da metade dos US$ 10 bilhões injetados na INDH.
Mas adversários do plano antipobreza dizem que se trata de uma manobra do governo para canalizar e monopolizar toda a ajuda externa. Há quem desconfie também das estatísticas oficiais, afirmando que a miséria no país ainda é colossal. Rabat, dizem os céticos, é obcecada pela imagem internacional.
Marroquinos gozam de liberdade de expressão e acesso à informação raros na região, apesar de o governo ter recentemente expulsado a Al Jazeera.


O jornalista SAMY ADGHIRNI viajou a convite do governo marroquino


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