São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Eleição em janeiro é impossível, diz enviado da ONU

DA REUTERS

Será impossível realizar eleições no Iraque em janeiro, como planejado, se as condições de segurança no território iraquiano continuarem tão precárias quanto estão atualmente, segundo disse o enviado da ONU Lakhdar Brahimi a um jornal holandês em entrevista publicada ontem.
"Eleições não são uma poção mágica, mas parte de um processo político. Elas precisam ser bem preparadas e ocorrer no tempo certo para produzir os efeitos positivos delas esperados", afirmou Brahimi, arquiteto do processo político que prevê a realização de eleições no Iraque, ao diário "NRC Handelsblad".
Questionado sobre a possibilidade de realizar as eleições nas condições hoje existentes, Brahimi disse: "Se as circunstâncias permanecerem como estão atualmente, pessoalmente não acredito que elas sejam possíveis. Há uma bagunça no Iraque hoje", afirmou Brahimi ao jornal.
"A comunidade internacional, espero que seja ao lado dos americanos, tem de ajudar os iraquianos a arrumar essa bagunça. Se deixarmos a situação se deteriorar ainda mais, ela se tornará mais perigosa", acrescentou.
Muitos dos sunitas iraquianos, que constituem 20% da população do país, vêm pedindo o adiamento das eleições marcadas para janeiro, argumentando que a violência em regiões predominantemente sunitas não permitirá que o pleito seja livre e justo para todos os iraquianos. Vale lembrar que, atualmente, a parte mais ativa da insurgência iraquiana é muçulmana sunita.
Os sunitas, que dominaram o Iraque durante o regime do ex-ditador Saddam Hussein (um sunita), temem a possibilidade de serem marginalizados na nova ordem política iraquiana, que emergirá das eleições. Afinal, 60% dos iraquianos são xiitas, o que deverá permitir que eles controlem a cena política do país.
Os xiitas insistem em que as eleições ocorram em janeiro, argumento que qualquer adiamento seria uma mostra de fraqueza ante os "terroristas". Os curdos do norte do Iraque dizem estar preparados para realizar as eleições, mas aceitariam um adiamento se necessário.

Texto Anterior: Ataques em Bagdá e Mossul matam 14
Próximo Texto: Leste europeu: Premiê ucraniano aceita disputar novo 2º turno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.