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Eleição em janeiro é impossível, diz enviado da ONU
DA REUTERS
Será impossível realizar eleições
no Iraque em janeiro, como planejado, se as condições de segurança no território iraquiano continuarem tão precárias quanto estão atualmente, segundo disse o
enviado da ONU Lakhdar Brahimi a um jornal holandês em entrevista publicada ontem.
"Eleições não são uma poção
mágica, mas parte de um processo político. Elas precisam ser bem
preparadas e ocorrer no tempo
certo para produzir os efeitos positivos delas esperados", afirmou
Brahimi, arquiteto do processo
político que prevê a realização de
eleições no Iraque, ao diário
"NRC Handelsblad".
Questionado sobre a possibilidade de realizar as eleições nas
condições hoje existentes, Brahimi disse: "Se as circunstâncias
permanecerem como estão atualmente, pessoalmente não acredito que elas sejam possíveis. Há
uma bagunça no Iraque hoje",
afirmou Brahimi ao jornal.
"A comunidade internacional,
espero que seja ao lado dos americanos, tem de ajudar os iraquianos a arrumar essa bagunça. Se
deixarmos a situação se deteriorar ainda mais, ela se tornará mais
perigosa", acrescentou.
Muitos dos sunitas iraquianos,
que constituem 20% da população do país, vêm pedindo o adiamento das eleições marcadas para
janeiro, argumentando que a violência em regiões predominantemente sunitas não permitirá que
o pleito seja livre e justo para todos os iraquianos. Vale lembrar
que, atualmente, a parte mais ativa da insurgência iraquiana é muçulmana sunita.
Os sunitas, que dominaram o
Iraque durante o regime do ex-ditador Saddam Hussein (um sunita), temem a possibilidade de serem marginalizados na nova ordem política iraquiana, que emergirá das eleições. Afinal, 60% dos
iraquianos são xiitas, o que deverá
permitir que eles controlem a cena política do país.
Os xiitas insistem em que as
eleições ocorram em janeiro, argumento que qualquer adiamento seria uma mostra de fraqueza
ante os "terroristas". Os curdos
do norte do Iraque dizem estar
preparados para realizar as eleições, mas aceitariam um adiamento se necessário.
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