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Putin não descarta voltar à Presidência, mas só em 2012
Em programa ao vivo, premiê russo acena a Barack Obama com aproximação
Ex-presidente diz ainda que Rússia tem meios para passar por crise, ironiza Saakashvili e nega necessidade de bases militares permanentes na AL
DA REDAÇÃO
O ex-presidente e atual premiê russo, Vladimir Putin, disse que apenas em 2012 -quando termina o mandato de Dmitri Medvedev- será possível dizer se ele voltará ao Kremlin. O
assunto, junto com temas como a crise econômica global e
as relações com os EUA, foi
abordado em um programa
anual de "perguntas e respostas" transmitido ontem pela televisão estatal russa.
Putin, presidente entre 2000
e maio de 2008, negou a possibilidade de voltar ao cargo antes da data, mas elogiou a proposta de extensão do próximo
mandato presidencial de 4 para
6 anos -já aprovada pelo Parlamento. Críticos consideram a
medida uma manobra para sua
perpetuação no poder. Segundo essa tese, Medvedev renunciaria no ano que vem para que
Putin pudesse voltar ao cargo.
O programa, transmitido ao
vivo, foi o sétimo de que Putin
participou, mas o primeiro como premiê. Em pouco mais de
três horas, o ex-presidente respondeu a 72 questões de espectadores, na maioria relacionadas aos impactos da crise econômica global sobre a Rússia.
Na primeira pergunta, um
espectador que perdeu o emprego questionou o premiê sobre como ele poderia sobreviver. Putin fez uma defesa das
condições da Rússia para lidar
com a crise -o país enfrenta inflação, desvalorização cambial
e fuga de capitais-, disse que o
seguro-desemprego estava
sendo ampliado e prometeu recuperação.
"Nós temos todas as possibilidades de passar por este momento difícil com um mínimo
de problemas." Putin disse que
a Rússia deve crescer quase 7%
em 2008 e prometeu que os salários e pensões serão corrigidos em até 12%. "Não faremos
quaisquer revisões significativas em nossos planos, tampouco em nossos investimentos."
Putin defendeu ainda a participação do Estado em grandes
empresas russas para evitar falências e prometeu usar as reservas internacionais do país
-as terceiras maiores do mundo- para evitar rápida e excessiva desvalorização cambial.
Ocidente
O premiê também acenou ao
presidente eleito dos EUA, Barack Obama. Putin disse ter visto "sinais positivos" da equipe
de Obama de que ele estaria
disposto a ouvir Moscou sobre
a expansão da Otan (aliança
militar ocidental) para as fronteiras russas e sobre o escudo
antimísseis que Washington
quer instalar na República
Tcheca e na Polônia.
As relações entre Rússia e
EUA chegaram ao seu ponto
mais baixo desde o fim da Guerra Fria após o conflito travado
com a Geórgia no começo de
agosto. Sobre o tema, Putin disse que manterá as tropas russas
nos territórios separatistas da
Ossétia do Sul e da Abkházia e
que tiveram sua independência
reconhecida pelo Kremlin.
O ex-premiê ainda brincou
com o vazamento de uma conversa que teria tido com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, sobre o mandatário da
Geórgia, Mikhail Saakashvili,
na qual teria dito que gostaria
de pendurá-lo "pelas bolas".
"Por que só por uma parte?",
respondeu, ao ser questionado
sobre a veracidade do episódio.
Putin abordou também a recente aproximação com "inimigos" dos EUA na América Latina. Ele disse não ver necessidade de o país ter bases militares
permanentes em Cuba e na Venezuela, mas ressaltou o acordo com Caracas pelo qual Moscou pode usar os portos venezuelanos. "E creio que os cubanos tampouco se negariam."
Com agências internacionais
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