São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

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Putin não descarta voltar à Presidência, mas só em 2012

Em programa ao vivo, premiê russo acena a Barack Obama com aproximação

Ex-presidente diz ainda que Rússia tem meios para passar por crise, ironiza Saakashvili e nega necessidade de bases militares permanentes na AL

DA REDAÇÃO

O ex-presidente e atual premiê russo, Vladimir Putin, disse que apenas em 2012 -quando termina o mandato de Dmitri Medvedev- será possível dizer se ele voltará ao Kremlin. O assunto, junto com temas como a crise econômica global e as relações com os EUA, foi abordado em um programa anual de "perguntas e respostas" transmitido ontem pela televisão estatal russa.
Putin, presidente entre 2000 e maio de 2008, negou a possibilidade de voltar ao cargo antes da data, mas elogiou a proposta de extensão do próximo mandato presidencial de 4 para 6 anos -já aprovada pelo Parlamento. Críticos consideram a medida uma manobra para sua perpetuação no poder. Segundo essa tese, Medvedev renunciaria no ano que vem para que Putin pudesse voltar ao cargo.
O programa, transmitido ao vivo, foi o sétimo de que Putin participou, mas o primeiro como premiê. Em pouco mais de três horas, o ex-presidente respondeu a 72 questões de espectadores, na maioria relacionadas aos impactos da crise econômica global sobre a Rússia.
Na primeira pergunta, um espectador que perdeu o emprego questionou o premiê sobre como ele poderia sobreviver. Putin fez uma defesa das condições da Rússia para lidar com a crise -o país enfrenta inflação, desvalorização cambial e fuga de capitais-, disse que o seguro-desemprego estava sendo ampliado e prometeu recuperação.
"Nós temos todas as possibilidades de passar por este momento difícil com um mínimo de problemas." Putin disse que a Rússia deve crescer quase 7% em 2008 e prometeu que os salários e pensões serão corrigidos em até 12%. "Não faremos quaisquer revisões significativas em nossos planos, tampouco em nossos investimentos."
Putin defendeu ainda a participação do Estado em grandes empresas russas para evitar falências e prometeu usar as reservas internacionais do país -as terceiras maiores do mundo- para evitar rápida e excessiva desvalorização cambial.

Ocidente
O premiê também acenou ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama. Putin disse ter visto "sinais positivos" da equipe de Obama de que ele estaria disposto a ouvir Moscou sobre a expansão da Otan (aliança militar ocidental) para as fronteiras russas e sobre o escudo antimísseis que Washington quer instalar na República Tcheca e na Polônia.
As relações entre Rússia e EUA chegaram ao seu ponto mais baixo desde o fim da Guerra Fria após o conflito travado com a Geórgia no começo de agosto. Sobre o tema, Putin disse que manterá as tropas russas nos territórios separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia e que tiveram sua independência reconhecida pelo Kremlin.
O ex-premiê ainda brincou com o vazamento de uma conversa que teria tido com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, sobre o mandatário da Geórgia, Mikhail Saakashvili, na qual teria dito que gostaria de pendurá-lo "pelas bolas". "Por que só por uma parte?", respondeu, ao ser questionado sobre a veracidade do episódio.
Putin abordou também a recente aproximação com "inimigos" dos EUA na América Latina. Ele disse não ver necessidade de o país ter bases militares permanentes em Cuba e na Venezuela, mas ressaltou o acordo com Caracas pelo qual Moscou pode usar os portos venezuelanos. "E creio que os cubanos tampouco se negariam."

Com agências internacionais



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