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HISTÓRIA
Líderes aliados dos EUA e do Reino Unido desconfiavam de general francês
Churchill e Roosevelt tramaram contra De Gaulle na 2ª Guerra
de Londres
Documentos secretos liberados
pelo governo do Reino Unido revelam que Winston Churchill, o
primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-45), considerava o
general francês Charles de Gaulle
"um inimigo dos britânicos" e
uma pessoa não confiável.
Churchill também pensou em
isolar politicamente De Gaulle,
afastando-o do comando das tropas francesas que não aceitavam a
capitulação do país. Metade da
França foi ocupada pelas tropas
de Adolf Hitler em 1940.
"Peço a meus colegas que considerem urgentemente eliminar De
Gaulle como uma força política",
disse Churchill, em maio de 1943.
A idéia seria o Reino Unido e os
EUA ocuparem a França em vez
de entregar o governo a De Gaulle, o que acabou ocorrendo.
Para Churchill, o general deixava "uma trilha de anglofobia e
tem tendências fascistas". É uma
referência ao conhecido nacionalismo de De Gaulle, cujas visões
do "imperialismo" britânico e
norte-americano influenciam até
hoje a política francesa.
Entre as conversas liberadas anteontem há ainda o relato de diálogos entre Churchill e o então
presidente dos EUA, Franklin
Roosevelt, que igualmente desconfiava das credenciais democráticas do líder francês.
Em memorando enviado ao
premiê britânico no início de
1943, Roosevelt concorda com as
críticas, dizendo que De Gaulle tinha um "complexo de messianismo" e "tendências ditatoriais".
Roosevelt diz a Churchill, em
tom de brincadeira, que uma alternativa seria "transformá-lo em
governador de Madagascar (ilha-país localizada a leste do continente africano)".
Robert Boyce, estudioso da Segunda Guerra e professor da London School of Economics, diz que
ficou surpreso com o tom das críticas, apesar de a desconfiança entre Churchill e De Gaulle já ser conhecida pelos historiadores.
"Eram duas personalidades imperialistas, que tinham uma relação pessoal complexa, alternando
momentos de extrema proximidade com críticas severas".
O primeiro semestre de 1943,
segundo o professor, marca o
ponto mais baixo da relação entre
os dois estadistas.
Naquela época, De Gaulle, que
se exilara em Londres desde a invasão nazista, preparava-se para
retornar à França e liderar a libertação de seu país. "Muito do que
está sendo revelado são arroubos
de retórica. Churchill e Roosevelt
tiveram o bom senso de não isolar
De Gaulle, um homem difícil, mas
o único em quem os franceses
confiavam. Isso fazia dele um
aliado fundamental", diz Boyce.
(FÁBIO ZANINI)
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