São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Explosões aconteceram em um intervalo de menos de um minuto e a 150 metros uma da outra; Israel ataca Gaza

Duplo atentado suicida mata 23 em Tel Aviv

Pawel Wolberg/Associated Press
Médicos carregam maca com ferido em duplo atentado suicida no centro de Tel Aviv, que deixou ao menos 23 mortos e cem feridos


DA REDAÇÃO

Pelo menos 22 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas -sete em estado grave- em duplo atentado suicida no centro de Tel Aviv, em Israel, no final da tarde de ontem. Os dois terroristas palestinos detonaram explosivos presos a seus corpos em um intervalo inferior a um minuto e a apenas 150 metros de distância.
A primeira explosão aconteceu dentro de um pequeno shopping center e a segunda na antiga estação de ônibus da cidade. Prédios vizinhos foram danificados e pessoas se feriram a dezenas de metros dos locais das explosões.
No início da madrugada, Israel lançou pelo menos quatro mísseis contra alvos palestinos na faixa de Gaza, segundo testemunhas. Não havia informações sobre vítimas em Gaza. A energia elétrica da região foi cortada. Não estava claro se a ação era uma resposta aos ataques terroristas. Sharon estava reunido com seu gabinete para definir a estratégia a ser seguida a partir de agora.
O duplo atentado em Tel Aviv foi o mais grave desde 18 de junho, quando um atentado suicida em um ônibus de Jerusalém matou 20 pessoas. O último atentado suicida em uma cidade israelense havia ocorrido em novembro do ano passado.
O duplo atentado pode provocar reflexos no eleitorado israelense, que irá às urnas daqui a três semanas para escolher o novo Parlamento. Analistas afirmam que após ataques terroristas aumenta a insegurança dos israelenses, e a maioria das pessoas tende a apoiar medidas mais duras contra os palestinos, o que pode favorecer o premiê Ariel Sharon, cujo partido, o Likud, estava em queda nas pesquisas.
As explosões aconteceram na hora do rush em Israel, quando muitas pessoas voltavam do trabalho, o que deve ter aumentado o número de vítimas. Domingo é um dia útil para os israelenses.
Muitos dos mortos e feridos eram trabalhadores estrangeiros ilegais de baixa renda que vivem nas proximidades da estação. "Já estive em outros locais onde ocorreram atentados, mas poucas vezes vi uma cena tão sangrenta quanto essa", disse um funcionário das equipes de resgate.

Reivindicação
A rede de TV Al Jazeera, do Qatar, afirmou que o grupo extremista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao Fatah (facção política do líder palestino Iasser Arafat), teria cometido o atentado.
David Baker, assessor de Sharon, afirmou que o governo israelense condenava o ataque. Segundo ele, "a campanha terrorista dos palestinos mais uma vez atingiu civis israelenses. Israel não pode se render e irá combater o terrorismo palestino com fúria. Não temos outra opção".
O presidente dos EUA, George W. Bush, segundo um assessor da Casa Branca, condenou o ataque e acrescentou "que as recentes iniciativas americanas pela paz podem ser paralisadas".
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, condenou o ataque, classificando-o como terrorista. Em entrevista à Folha, publicada ontem, porém, Arafat disse ser a favor da manutenção da Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), iniciada em setembro de 2000 e que já matou ao menos 1.760 palestinos e 675 israelenses (não estão contabilizadas as mortes nos atentados de ontem).

Com agências internacionais


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