São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2007

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POLÔNIA

Arcebispo de Varsóvia admite colaboração com comunistas

DO "MONDE", EM VARSÓVIA

Recém-nomeado pelo papa Bento 16, o novo arcebispo de Varsóvia e líder da Igreja Católica polonesa, Stanislaw Wielgus, admitiu que colaborou com a antiga polícia política comunista e se colocou à disposição do Vaticano -que, até a noite de ontem, ainda não havia se pronunciado.
"Confesso que cometi este erro no passado, como já havia confessado ao Santo Padre. Declaro ao Santo Padre que me submeterei a cada uma de suas decisões", disse o novo arcebispo, numa declaração divulgada pela agência católica KAI.
O caso vem ocupando as atenções dos poloneses desde que uma revista quinzenal de direita, a "Gazeta Polska", revelou, em 20 de dezembro, "a história secreta do líder eclesiástico" e seu passado como colaborador.
Embora tenha confirmado a revelação, a Igreja Católica afirmou que não existem provas de que as ações de Wielgus tenham prejudicado alguém. "Nunca cumpri nenhuma tarefa de espionagem", disse o arcebispo.
Wielgus teria colaborado com investigações dos comunistas no período de 1973 a 1978, segundo o historiador Andrzej Paczkowski, membro de uma comissão encarregada de investigar o caso de maneira independente.
O historiador chegou às suas conclusões depois de um exame rápido dos arquivos dos antigos serviços de segurança comunistas, preservados no Instituto da Memória Nacional.
As acusações foram lançadas poucos dias antes da cerimônia oficial de investidura de Wielgus, que está marcada para amanhã.
O antigo bispo de Plock é visto como membro da ala conservadora do catolicismo, e é defensor da controvertida rádio polonesa Maryja, classificada como fundamentalista.

Católicos
Na Polônia, país onde 90% da população é católica, o caso causou repercussão, especialmente porque serve para alimentar um debate ainda mais sério, sobre o silêncio da Igreja polonesa diante do passado de colaboracionismo de alguns de seus membros -cerca de 10% do clero colaborou, deliberadamente ou não, com a SB (Sluzba Bezpieczenstwa, polícia secreta da era comunista), de acordo com os historiadores.


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