|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÔNIA
Arcebispo de Varsóvia admite colaboração com comunistas
DO "MONDE", EM VARSÓVIA
Recém-nomeado pelo papa Bento 16, o novo arcebispo de Varsóvia e líder da
Igreja Católica polonesa,
Stanislaw Wielgus, admitiu
que colaborou com a antiga
polícia política comunista e
se colocou à disposição do
Vaticano -que, até a noite de
ontem, ainda não havia se
pronunciado.
"Confesso que cometi este
erro no passado, como já havia confessado ao Santo Padre. Declaro ao Santo Padre
que me submeterei a cada
uma de suas decisões", disse
o novo arcebispo, numa declaração divulgada pela
agência católica KAI.
O caso vem ocupando as
atenções dos poloneses desde que uma revista quinzenal
de direita, a "Gazeta Polska",
revelou, em 20 de dezembro,
"a história secreta do líder
eclesiástico" e seu passado
como colaborador.
Embora tenha confirmado
a revelação, a Igreja Católica
afirmou que não existem
provas de que as ações de
Wielgus tenham prejudicado
alguém. "Nunca cumpri nenhuma tarefa de espionagem", disse o arcebispo.
Wielgus teria colaborado
com investigações dos comunistas no período de 1973
a 1978, segundo o historiador
Andrzej Paczkowski, membro de uma comissão encarregada de investigar o caso
de maneira independente.
O historiador chegou às
suas conclusões depois de
um exame rápido dos arquivos dos antigos serviços de
segurança comunistas, preservados no Instituto da Memória Nacional.
As acusações foram lançadas poucos dias antes da cerimônia oficial de investidura de Wielgus, que está marcada para amanhã.
O antigo bispo de Plock é
visto como membro da ala
conservadora do catolicismo, e é defensor da controvertida rádio polonesa Maryja, classificada como fundamentalista.
Católicos
Na Polônia, país onde 90%
da população é católica, o caso causou repercussão, especialmente porque serve para
alimentar um debate ainda
mais sério, sobre o silêncio
da Igreja polonesa diante do
passado de colaboracionismo de alguns de seus membros -cerca de 10% do clero
colaborou, deliberadamente
ou não, com a SB (Sluzba
Bezpieczenstwa, polícia secreta da era comunista), de
acordo com os historiadores.
Texto Anterior: Pentágono criará comando só para a África Próximo Texto: Seqüestro em Gaza: Protestos pedem liberação de fotógrafo Índice
|