São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2001

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TERREMOTO

Os dois estavam na cozinha e tinham alimento

Irmãos conseguem sobreviver dez dias sob os escombros na Índia



DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Dois irmãos, um homem de 45 anos e uma mulher de 50, foram resgatados ontem com vida dez dias depois do terremoto que devastou o noroeste da Índia em 26 de janeiro. Os dois estavam presos na cozinha e conseguiram sobreviver porque tinham água e um pouco de arroz.
Membros da Força de Segurança de Fronteira estavam recolhendo corpos apodrecidos na cidade de Bhuj, a 20 km do epicentro do tremor, quando um soldado viu alguém acenando de uma janela bloqueada.
"Fiquei impressionado ao ver uma pessoa ainda viva", contou Nazim Khan, um dos soldados que ajudaram no resgate. "O homem disse que eles haviam gritado por ajuda antes, mas ninguém os ouvira", acrescentou.
O prédio vizinho tinha caído, e a casa de dois andares foi completamente bloqueada pelos destroços. Evitando qualquer movimento que pudesse derrubar o prédio danificado e instável, os soldados formaram uma escada humana e retiraram os dois irmãos do primeiro andar. Eles estavam fracos, mas não haviam sofrido ferimentos.
As equipes de resgate já haviam abandonado as esperanças de encontrar alguém com vida tanto tempo depois do terremoto que atingiu o Estado de Gujarat, matando pelo menos 30 mil pessoas, segundo estimativas das autoridades locais.
É raro alguém resistir mais de uma semana preso nos escombros. O recorde de sobrevivência nessas condições foi registrado em 1990, nas Filipinas, quando três pessoas foram resgatadas 14 dias após o terremoto.
As autoridades de Gujarat anunciaram ontem o início da elaboração de um plano de recuperação do Estado, com a construção de prédios mais resistentes. Muitos especialistas criticaram as casas da região, feitas de pedra e sem cimento. "Claro que gostaríamos de manter os métodos e materiais tradicionais, mas não temos opção", afirmou Pravin Lahiri, porta-voz do governo estadual.
Funcionários dos grupos de ajuda humanitária disseram estar preocupados com o retorno dos sobreviventes a prédios rachados, que podem cair durante um tremor secundário.
"As pessoas estão vivendo em lugares muito perigosos onde eu não mandaria nem a minha equipe", disse Colin Deiner, coordenador de um grupo de resgate da África do Sul.
As organizações de ajuda humanitária, que temiam surtos de diarréia, tifo e cólera, dizem que não há sinais de epidemias, embora as condições de saúde, segundo elas, devam piorar, com as pessoas vivendo ao relento e sem água potável.
O terremoto alterou os lençóis freáticos da região, transformando a água fresca dos poços em água salobra e fazendo aparecer água potável em locais onde ela não existia antes.


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