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TERREMOTO
Os dois estavam na cozinha e tinham alimento
Irmãos conseguem sobreviver dez dias sob os escombros na Índia
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Dois irmãos, um homem de 45
anos e uma mulher de 50, foram
resgatados ontem com vida dez
dias depois do terremoto que devastou o noroeste da Índia em 26
de janeiro. Os dois estavam presos na cozinha e conseguiram sobreviver porque tinham água e
um pouco de arroz.
Membros da Força de Segurança de Fronteira estavam recolhendo corpos apodrecidos na cidade
de Bhuj, a 20 km do epicentro do
tremor, quando um soldado viu
alguém acenando de uma janela
bloqueada.
"Fiquei impressionado ao ver
uma pessoa ainda viva", contou
Nazim Khan, um dos soldados
que ajudaram no resgate. "O homem disse que eles haviam gritado por ajuda antes, mas ninguém
os ouvira", acrescentou.
O prédio vizinho tinha caído, e a
casa de dois andares foi completamente bloqueada pelos destroços.
Evitando qualquer movimento
que pudesse derrubar o prédio
danificado e instável, os soldados
formaram uma escada humana e
retiraram os dois irmãos do primeiro andar. Eles estavam fracos,
mas não haviam sofrido ferimentos.
As equipes de resgate já haviam
abandonado as esperanças de encontrar alguém com vida tanto
tempo depois do terremoto que
atingiu o Estado de Gujarat, matando pelo menos 30 mil pessoas,
segundo estimativas das autoridades locais.
É raro alguém resistir mais de
uma semana preso nos escombros. O recorde de sobrevivência
nessas condições foi registrado
em 1990, nas Filipinas, quando
três pessoas foram resgatadas 14
dias após o terremoto.
As autoridades de Gujarat
anunciaram ontem o início da
elaboração de um plano de recuperação do Estado, com a construção de prédios mais resistentes. Muitos especialistas criticaram as casas da região, feitas de
pedra e sem cimento. "Claro que
gostaríamos de manter os métodos e materiais tradicionais, mas
não temos opção", afirmou Pravin Lahiri, porta-voz do governo
estadual.
Funcionários dos grupos de
ajuda humanitária disseram estar
preocupados com o retorno dos
sobreviventes a prédios rachados,
que podem cair durante um tremor secundário.
"As pessoas estão vivendo em
lugares muito perigosos onde eu
não mandaria nem a minha equipe", disse Colin Deiner, coordenador de um grupo de resgate da
África do Sul.
As organizações de ajuda humanitária, que temiam surtos de
diarréia, tifo e cólera, dizem que
não há sinais de epidemias, embora as condições de saúde, segundo elas, devam piorar, com as
pessoas vivendo ao relento e sem
água potável.
O terremoto alterou os lençóis
freáticos da região, transformando a água fresca dos poços em
água salobra e fazendo aparecer
água potável em locais onde ela
não existia antes.
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