São Paulo, domingo, 06 de fevereiro de 2005

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New Deal também é alvo de nova interpretação

DA REDAÇÃO

Segundo manuais de economia política, o New Deal, plano de reforma econômica aplicado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt [1933-45] para tirar os EUA da Grande Depressão, causada pela quebra da Bolsa de Nova York em 1929, foi vital para a recuperação econômica do país. Para uma corrente do estudo da economia e da história, todavia, ele "dificultou a retomada do crescimento econômico".
"Em meu livro, trato Roosevelt de modo generoso. Não ataco seu caráter. Contudo seu aumento dos impostos e das políticas de regulação, além de outras políticas governamentais que reforçaram a presença do Estado na economia, tornaram mais difícil a recuperação econômica", disse à Folha Jim Powell, autor de "FDR's Folly" (a loucura de FDR).
"Se o que escrevo é novo, isso ocorre porque os historiadores políticos não levam em consideração as descobertas empíricas que vêm sendo publicadas em revistas e livros acadêmicos há anos. Há muitos textos sobre os efeitos negativos de leis que controlam os preços, elevam impostos ou forçam aumentos de salários acima dos níveis de mercado", acrescentou o pesquisador do Instituto Cato, um "think tank" libertário dos EUA.
Para Philippe Norel, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, no entanto, as "políticas proativas de Roosevelt, que foram inspiradas nas teses de [John Maynard] Keynes [1883-1946] e [John] Stuart Mill [1806-73] e enfatizavam a necessidade de estimular a demanda por meio de gastos públicos, foram cruciais para recolocar a economia americana nos eixos após a quebra da Bolsa".
O New Deal teve duas fases. A primeira, de 1933 a 1934, buscou dar início à recuperação econômica e alívio à crise que afetava a população na Grande Depressão por meio de programas de controle nos setores agrícola, industrial e comercial, da estabilização dos níveis de preço e de obras públicas.
A segunda fase, de 1935 a 1941, ampliou a legislação relacionada a programas socioeconômicos, buscando beneficiar os trabalhadores. Nesse contexto, foi criado, em 1935, o sistema de Previdência Social, além de vários outros programas governamentais de cunho social.
Para Powell, contudo, a reputação de Roosevelt de presidente que tirou os EUA da crise se enfraquecerá, mas ele continuará a ser lembrado como o "presidente que ganhou a guerra".(MSM)

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