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RELIGIÃO
Radicais queimam consulado em Beirute e ira contra charges do profeta se alastra; líderes europeus pedem calma
Dinamarca tem outra missão incendiada
DA REDAÇÃO
Empunhando bandeiras islâmicas e entoando o cântico "Deus
é o maior", manifestantes muçulmanos atearam fogo ontem ao
consulado dinamarquês em Beirute. O protesto no Líbano deu
continuidade às reações violentas
contra a publicação, iniciada por
um jornal dinamarquês, de charges sobre o profeta Muhammad.
No sábado, manifestantes haviam incendiado as embaixadas
da Dinamarca e da Noruega em
Damasco, capital da Síria. Protestos públicos ocorreram ontem
também no Egito, na Turquia, no
Paquistão e na Palestina. O incêndio em Beirute deixou um morto
e 28 feridos. Mais de 60 pessoas
foram presas.
"Qualquer um que insulte o
profeta Muhammad deve ser
morto" diziam faixas carregadas
por milhares de manifestantes,
que atiraram pedras nas forças de
segurança em Beirute. A multidão
foi dispersa sob bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água.
Mas houve cobranças por moderação nas manifestações. Muhammad Rashid Qabani, maior
representante do clero muçulmano no Líbano, disse que independentemente de como os muçulmanos se sentem sobre as charges, eles devem exercitar o comedimento. "Reações exageradas ultrapassam os limites dos atos democráticos e são perigosas à defesa da causa muçulmana", reiterou
um comunicado da Organização
da Conferência Islâmica.
As manifestações no Líbano incluíram ainda o apedrejamento
de uma igreja e estragos em uma
propriedade particular situada
em área cristã, elevando a tensão
sectária num país que ainda não
se recuperou completamente das
divisões que causaram a guerra
civil de 1975 a 1990.
Entre os que puseram fogo no
prédio da embaixada, um homem
foi atingido pelas chamas e morreu depois de saltar do terceiro
andar, segundo informou um oficial à agência de notícias Reuters.
Copenhague ordenou que os dinamarqueses deixem o Líbano
imediatamente ou permaneçam
dentro de casa. Na rádio pública
dinamarquesa, o chanceler Per
Stig Moeller pediu calma.
"É uma situação crítica e muito
séria", declarou Moeller minutos
após os manifestantes atearem fogo ao consulado em Beirute. "O
governo não tem nenhuma intenção de insultar os muçulmanos",
enfatizou o chanceler. "A situação
não deve mais ser inflamada.
Aqueles que a inflamaram devem
agora acalmá-la."
A retaliação muçulmana e a onda de protestos violentos entraram na pauta de uma reunião na
Alemanha que reuniu ministros
da Defesa de vários países. Eles
pediram calma e ressaltaram a necessidade de respeito tanto à liberdade religiosa quanto a liberdade de imprensa. "Devemos impedir uma situação em que as
pessoas achem que devemos optar por uma dessas duas liberdades", afirmou o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier.
As forças de segurança libanesas acabaram abrindo caminho
para a passagem dos manifestantes depois de tentar em vão bloquear as ruas que levam ao consulado dinamarquês em Beirute.
O premiê libanês Fouad Saniora
condenou a violência e negou que
tenha faltado vigor à polícia. "Ou
abríamos fogo contra eles, ou lidaríamos com a situação da maneira que fizemos", disse. O governo libanês se reuniu ontem para discutir os distúrbios. Durante
a reunião, o ministro do Interior,
Hassan Sabei, apresentou sua renúncia ao premiê e abandonou o
encontro em seguida.
Com agências internacionais
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