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Amorim dirá que presidente venezuelano está sob controle
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O Brasil vai tentar convencer
os EUA de que, apesar do endurecimento político e do fechamento econômico na Venezuela, o presidente Hugo Chávez
"está sob controle", pois tem
recebido recados do Mercosul e
do Brasil em particular de que
deve se manter dentro de limites democráticos.
Esse deverá ser o tom das
conversas reservadas que terão
a partir de hoje o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) e o futuro embaixador em
Washington, Antonio Patriota,
com o subsecretário Nicholas
Burns. Na pauta, também os
avanços do Irã na área nuclear.
Conforme a Folha apurou,
Amorim e Patriota deverão fazer a seguinte análise: a entrada da Venezuela no Mercosul
ajuda a estabilização regional,
pois condiciona os movimentos de Chávez e propicia uma
"homogeneização institucional
e política" da região.
Nesse caso, o governo Luiz
Inácio Lula da Silva será apresentado como "exemplo e inspiração", pois, como o próprio
presidente já disse, não sacrifica a democracia, a liberdade de
expressão e o livre comércio
nem mesmo em nome do crescimento econômico e do combate à desigualdade social -um
recado para Chávez.
Os brasileiros deverão lembrar, ainda, que a declaração final da cúpula do Mercosul, em
janeiro, no Rio, foi clara ao defender a democracia já no seu
primeiro item.
A agenda dos encontros com
os enviados especiais do presidente George W. Bush inclui:
1) as questões bilaterais, inclusive desenvolvimento econômico, agricultura e bioenergia, que assume contornos de
prioridade em Washington;
2) as regionais, com relatos
sobre a reunião do Mercosul e
"troca de impressões" sobre o
processo político e econômico
especialmente da Venezuela,
da Bolívia e do Equador. De outro lado, o Brasil perguntará
sobre o andamento da votação
no Congresso dos acordos bilaterais dos EUA com Peru e Colômbia;
3) as internacionais, incluídos aí os avanços do Irã na área
nuclear e os acordos que têm
sido fechados entre os EUA e a
Índia.
Burns, o secretário-adjunto
para o Hemisfério Ocidental,
Thomas Shannon, e o assessor
especial de Energia, Greg Manuel, convidaram governadores para almoço em Brasília,
entre eles Aécio Neves (PSDB-MG), Jaques Wagner (PT-BA),
Yeda Crusius (PSDB-RS) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ). O tucano José Serra receberá os norte-americanos em São Paulo.
A intenção é relacionar áreas
que sejam passíveis de acordos
de cooperação com os EUA.
Também estará no Brasil
nesta semana o enviado especial Alberto Gonzalez, secretário da Justiça dos EUA, que vai
discutir questões de segurança
com o ministro demissionário
da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, e com seu provável sucessor, Tarso Genro, e irá ao
Rio, para conversar com o governador Cabral. A delegação
americana aos Jogos Pan-Americanos, no final do semestre, deverá ser a maior de todas,
e Washington está preocupado
com a violência carioca.
O Itamaraty lamentou que,
às vésperas das visitas, o ex-embaixador brasileiro em
Washington Roberto Abdenur
tenha acusado a política externa de ideológica e antiamericanista, em entrevista à revista
"Veja". "Acho que, quando você
é embaixador em um posto como Washington, se você tem
uma dúvida muito séria sobre a
política externa do país, você
tem uma maneira muito clara
de demonstrar isso", disse
Amorim a jornalistas.
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