São Paulo, sábado, 06 de fevereiro de 2010

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Por jovens, conservadores usam tática de Obama

DA ENVIADA A NASHVILLE

A atração do movimento conservador "Tea Party" a grupos como a direita religiosa americana é esperada; mas o apelo à juventude surpreende quem se acostumou a associar estudantes engajados à eleição de Barack Obama em 2008.
Pois eles estão presentes na rede de ativistas, e também na primeira convenção nacional do que já se tornou a mais estridente oposição a Obama.
"Você verá, os jovens que ajudaram a eleger este governo vão agora ajudar a mudá-lo", disse à Folha em Nashville Jordan Marks, 28, diretor da organização Jovens Americanos pela Liberdade (YAF, na sigla em inglês), uma das participantes oficiais do evento, do qual Marks é um dos oradores.
Ele explica a associação dizendo que "Obama chegou ao poder prometendo mudança e transparência, e nada disso aconteceu". "Este movimento é aberto a todos que estão cheios do governo. Há muitos democratas por aqui."
A YAF afirma representar 2.000 membros, mas Marks diz que a procura em seu site praticamente dobrou nos últimos meses. Para o diretor, foi o próprio Obama quem mostrou o caminho das pedras: "A vitória em 2008 mostrou que juventude e tecnologia são organizadores extremamente eficientes".
Agora, a estratégia está sendo apoderada pela oposição. Já é possível encontrar grupos da juventude do "Tea Party" no site de relacionamentos Facebook, por exemplo. "Temos o Twitter [microblog popular na web], temos torpedos. Eu ouvi falar do "Tea Party" por amigos e via Facebook", afirma Marks.
Ele vê outra razão para os jovens serem atraídos pelo movimento popular, ao menos no caso dos de direita: "O mundo universitário americano é dominado pela esquerda, é muito difícil um professor defender o conservadorismo, e isso incomoda muitos estudantes".
Apesar de os cabelos brancos serem dominantes na convenção em Nashville, Marks diz que na eleição em novembro os jovens terão um impacto fundamental. "Por causa da internet e da nossa mobilização, vamos levar muita gente às urnas. Em compensação, os partidários de Obama estão desencantados e não vão comparecer nos mesmos números de 2008", afirma (o voto nos EUA é facultativo).

Religião
Ainda mais do que com os jovens, o movimento "Tea Party" está apostando no recrutamento de cristãos fundamentalistas para suas fileiras.
Ontem em Nashville, uma das palestras mais lotadas foi a de Rick Scarborough, pastor batista fundador do grupo conservador Visão da América (Vision America).
"Queremos fazer da eleição um referendo dos valores que defendemos para a América", disse. Para ele, isso significa defender a cultura judaico-cristã -inclusive contra o "perigo" da imigração. "Há milhões de pessoas entrando nos EUA sem saber nada de nossa história nem falar nossa língua. Essa é uma marcha para a morte", disse.
Ao final, uma das presentes pediu a fala e declarou: "Estamos sendo cercados por repórteres que nos perguntam o tempo todo por que estamos aqui. Bem, se você não é um cristão e não tem valores, realmente não vai entender. Estamos aqui pelo "R&R': revolta e renascimento".
Foi aplaudida de pé. (AM)


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