DA REDAÇÃO

Os EUA assumiram ontem o comando das tropas estrangeiras enviadas ao Haiti, sob mandato da ONU, para restabelecer a ordem e a segurança após a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide no último domingo.
Os americanos deverão comandar a força de paz nesse período mais crítico, durante o qual os diversos grupos paramilitares do país precisam ser desarmados.
Anteontem, a ONU deu sinais de que gostaria que o Brasil assumisse o controle da força de manutenção da paz numa segunda fase, dentro de três meses. O Brasil, que ainda não enviou tropas, respondeu que aceitaria, mas ainda não há nada confirmado.
Os soldados americanos realizaram ontem as primeiras patrulhas em Cabo Haitiano (norte) e Gonaives (noroeste), duas cidades que serviram de base para o grupo de ex-militares que lançou a revolta que derrubou o governo.
Ontem, foi criado um conselho de sete nomes que, segundo a OEA (Organização dos Estados Americanos), proporá um novo primeiro-ministro em breve.
Em Porto Príncipe, cerca de mil partidários de Aristide fizeram ato perto do palácio presidencial e acusaram os presidentes dos EUA, George W. Bush, e da França, Jacques Chirac, de "cumplicidade no golpe de Estado" em meio à polêmica sobre a partida de Aristide do país no dia 29.
O ex-presidente, refugiado na República Centro-Africana, disse ter sido "seqüestrado" por soldados americanos e enviado ao exterior contra a sua vontade. Países do Caribe, Venezuela e África do Sul pediram à ONU uma investigação sobre as circunstâncias da saída de Aristide do Haiti.
A força multinacional da ONU no Haiti já conta com 1.200 soldados americanos, 600 franceses, 134 chilenos e 100 canadenses. O Chile e o Canadá enviarão mais 100 e 400 homens, respectivamente. É possível que a Argentina também envie 200 soldados.