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VENEZUELA
Opositores querem mudar regra de confirmação de assinaturas pró-referendo; "Washington Post" critica venezuelano
Oposição faz proposta; Chávez ataca EUA
DA REDAÇÃO
Membros mais moderados da
oposição venezuelana estão negociando com o Conselho Nacional
Eleitoral (CNE) uma saída para o
impasse envolvendo mais de 1 milhão de assinaturas que o órgão
eleitoral exige que sejam confirmadas para que se atinja o número mínimo necessário para a convocação de um referendo sobre o
destino do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
A negociação ocorre em meio a
amplas manifestações a favor e
contra Chávez no país, que já resultaram em oito mortes -a oposição e a imprensa dizem que o
número pode ser bem maior- e
centenas de prisões.
Já Chávez, em discurso para
embaixadores, voltou a atacar
Washington por intromissão do
nos assuntos domésticos da Venezuela. Ele pediu que, "em nome
da verdade, os EUA tirem as suas
mãos da Venezuela". O presidente acrescentou: "O governo de
Washington financia uma oposição maluca." Há poucos dias,
Chávez xingou o presidente dos
EUA, George W. Bush, de "idiota". Os EUA são os maiores compradores do petróleo venezuelano, maior fonte de divisas do país.
Em editorial, o influente diário
americano "The Washington
Post" condenou duramente a
postura do CNE de exigir a confirmação de mais de 1 milhão de assinaturas, acusando o órgão de se
prender a tecnicalidades, não
cumprindo com o que foi acordado com a oposição, sob a mediação de observadores internacional do Centro Carter e da OEA
(Organização dos Estados Americanos). Os dois órgãos independentes também criticam a posição do CNE. Para o jornal, se nada
for feito contra Chávez, ele "terminará o seu trabalho de destruir
uma das mais duradouras democracias da América Latina". As
iniciativas dos mediadores estrangeiros, diz o "Post", não obtiveram sucesso "para reverter esse
golpe kafkiano". Como o governo
dos EUA não pode intervir por ser
visto como inimigo por Chávez, a
solução democrática para a crise
venezuelana está nas mãos dos vizinhos da Venezuela, "especialmente o Brasil", diz o diário.
A oposição diz que recolheu
mais de 3 milhões de assinaturas
em uma ampla campanha de coleta no ano passado. O CNE considerou válidas apenas 1,8 milhão,
sujeitando as demais a uma confirmação em um período de poucos dias no fim deste mês. O número mínimo de assinaturas necessárias é 2,4 milhão - equivalente a 20% do eleitorado. A oposição precisaria confirmar, portanto, mais de 600 mil assinaturas.
Os opositores, que consideram
o processo inviável, propuseram
ao CNE que, em vez de as pessoas
terem de confirmar as suas assinaturas, deveria ocorrer o inverso. Os eleitores que acham que as
assinaturas foram fraudadas deveriam comparecer para retirá-las
do abaixo-assinado pró-referendo. A OEA, com apoio da União
Européia, se manifestou a favor
dessa saída.
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, disse ontem que lamenta
as recentes mortes no país. O Grupo de Amigos, do qual o Brasil faz
parte, disse que "confia em que os
cidadãos interessados terão oportunidade para expressar sua vontade [na confirmação das assinaturas]". Anteontem, o embaixador da Venezuela na ONU, Milos
Alcalay, renunciou ao cargo, acusando o governo de seu país de
minar a democracia.
O ministro da Defesa, general
Jorge García Carneiro, anunciou
ontem a suspensão de todos os
portes de armas no país -exceto
os dos seguranças. O objetivo, segundo ele, é reduzir a violência.
Já Chávez disse que a força pública será usada sempre que for
necessária.
Com agências internacionais
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