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EUA buscam aproximação e convidam Irã para conferência sobre Afeganistão
DO "FINANCIAL TIMES"
Na tentativa de se aproximar
do Irã, o governo Barack Obama convidou o país para uma
conferência internacional sobre o Afeganistão. A secretária
de Estado dos EUA, Hillary
Clinton, declarou ontem em
reunião da Otan que era provável que o Irã fosse convidado
para o evento no fim deste mês.
O porta-voz da Casa Branca,
Robert Gibbs, confirmou depois o convite e disse que Washington espera de Teerã "soluções e ideias construtivas" para
o vizinho. Mas não esclareceu
se haverá contato de seu governo com os iranianos.
A decisão restauraria um elo
entre os EUA e o Irã cortado
após o ex-presidente George
W. Bush incluir a República islâmica em um "eixo do mal",
em 2002 -os dois países não
têm laço formal desde 1979.
"Se vamos realizar uma conferência regional com o Afeganistão, é preciso incluir o país
que fica em sua fronteira oeste", disse um funcionário do governo americano. "Determinar
se o Irã está ou não preparado
para desempenhar um papel
positivo é outra questão".
Os EUA estão buscando uma
estratégia para o Afeganistão
antes da cúpula da Otan em 3 e
4 de abril. O general David Petraeus, líder do Comando Central dos EUA, e Richard Holbrooke, enviado americano a
Paquistão e Afeganistão, defendem a abordagem "regional".
O passo em relação ao Irã visa não só restaurar os contatos
diplomáticos que funcionaram
logo depois da derrubada do
Taleban, em 2001, mas também surge em um momento no
qual os EUA e seus aliados tentam definir como lidar com o
programa nuclear do Irã, cuja
meta anunciada é produzir
energia mas que Washington
teme visar a bomba atômica.
Israel se mostra enervado
com a produção de combustível
nuclear em quantidade suficiente para uma bomba, embora careça de um processamento
maior para o qual o Irã não tem
tecnologia ainda, segundo observadores.
Diversos analistas americanos defendem que, antes de começar a negociar com o Irã sobre seu programa nuclear, os
EUA deveriam se aproximar do
país em questões nas quais pode haver maior alinhamento,
como o Afeganistão ou mesmo
o Iraque. Washington e Teerã
têm interesse na derrota do Taleban e em conter a produção
de papoula -há muitos viciados em heroína no Irã, rota de
saída para as drogas afegãs.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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