São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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EUA buscam aproximação e convidam Irã para conferência sobre Afeganistão

DO "FINANCIAL TIMES"

Na tentativa de se aproximar do Irã, o governo Barack Obama convidou o país para uma conferência internacional sobre o Afeganistão. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, declarou ontem em reunião da Otan que era provável que o Irã fosse convidado para o evento no fim deste mês.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, confirmou depois o convite e disse que Washington espera de Teerã "soluções e ideias construtivas" para o vizinho. Mas não esclareceu se haverá contato de seu governo com os iranianos. A decisão restauraria um elo entre os EUA e o Irã cortado após o ex-presidente George W. Bush incluir a República islâmica em um "eixo do mal", em 2002 -os dois países não têm laço formal desde 1979. "Se vamos realizar uma conferência regional com o Afeganistão, é preciso incluir o país que fica em sua fronteira oeste", disse um funcionário do governo americano. "Determinar se o Irã está ou não preparado para desempenhar um papel positivo é outra questão".
Os EUA estão buscando uma estratégia para o Afeganistão antes da cúpula da Otan em 3 e 4 de abril. O general David Petraeus, líder do Comando Central dos EUA, e Richard Holbrooke, enviado americano a Paquistão e Afeganistão, defendem a abordagem "regional". O passo em relação ao Irã visa não só restaurar os contatos diplomáticos que funcionaram logo depois da derrubada do Taleban, em 2001, mas também surge em um momento no qual os EUA e seus aliados tentam definir como lidar com o programa nuclear do Irã, cuja meta anunciada é produzir energia mas que Washington teme visar a bomba atômica.
Israel se mostra enervado com a produção de combustível nuclear em quantidade suficiente para uma bomba, embora careça de um processamento maior para o qual o Irã não tem tecnologia ainda, segundo observadores. Diversos analistas americanos defendem que, antes de começar a negociar com o Irã sobre seu programa nuclear, os EUA deveriam se aproximar do país em questões nas quais pode haver maior alinhamento, como o Afeganistão ou mesmo o Iraque. Washington e Teerã têm interesse na derrota do Taleban e em conter a produção de papoula -há muitos viciados em heroína no Irã, rota de saída para as drogas afegãs.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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