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Hillary pressiona região a reaceitar Honduras
Na Guatemala, secretária de Estado dos EUA se reúne com presidentes centro-americanos, que anunciam avanços para normalização
Exílio de ex-presidente Zelaya ainda é obstáculo para que países como o Brasil reconheçam a validez do governo Porfirio Lobo
DA REDAÇÃO
Na Guatemala, a última parada de sua viagem pela América
Latina, a secretária de Estado
dos Estado Unidos, Hillary
Clinton, voltou a defender ontem que os países da região reconheçam o novo governo hondurenho que assumiu em janeiro, depois de eleições realizadas após o golpe de Estado de
28 de junho.
Hillary pregou a posição
americana ante o anfitrião, o
presidente guatemalteco, Alvaro Colom, e seus colegas de El
Salvador, da Costa Rica, da República Dominicana e do premiê de Belize -todos no país
para encontro com a secretária.
Também participou da reunião -sobre cooperação e combate ao narcotráfico, entre outros temas- o presidente hondurenho, Porfirio Lobo.
Do grupo, só a Costa Rica reconheceu o governo Lobo. Na
região, o Panamá também o fez.
Ao lado da secretária de Estado, Colom anunciou ontem que
ele e seu colega de El Salvador,
Mauricio Funes, consideram
que houve "avanço importante" rumo à normalização das
relações com Honduras.
Informou terem acertado
"compromissos concretos"
com Lobo e anunciou mais
duas reuniões sobre a questão,
uma delas em Tegucigalpa.
Passos e OEA
"Pensamos que Honduras
tomou passos que merecem a
normalização das relações",
disse Hillary ainda na Costa Rica, na quinta, quando anunciou
que os EUA descongelarão US$
30 milhões em ajuda ao governo hondurenho. "Outros países
dizem que querem esperar.
Não sei o que estão esperando,
mas é direito deles esperar",
disse a secretária.
O Brasil é um dos que querem esperar. Segundo o chanceler Celso Amorim, o governo
observa "atento" passos de Lobo, como a demissão do chefe
das Forças Armadas envolvido
no golpe. Argumenta que falta,
por exemplo, que Tegucigalpa
"crie as condições" para que o
ex-presidente Manuel Zelaya
volte ao país, se quiser.
Zelaya deixou Honduras no
fim de janeiro, após acordo com
Lobo, rumo à República Dominicana. Ontem, ele estava na
Venezuela, como parte de um
tour por países da região. O ex-presidente teve os delitos políticos ligados ao golpe anistiados pelo novo Congresso, mas
ainda pesam contra ele acusações de corrupção, a maioria
aberta após o golpe, e esse é um
dos motivos de seu "exílio".
Há ainda avaliação em Honduras de que Zelaya não pode
voltar até que a transição para o
governo Lobo "decante".
O país ainda está às voltas
com a criação da Comissão da
Verdade, parte do acordo de
Zelaya e o governo golpista, fechado com apoio dos EUA em
outubro de 2009, que terá assessoria da OEA (Organização
dos Estados Americanos).
"Não será uma comissão como as do pós-ditadura, para
apontar violações maciças de
direitos humanos", disse à Folha o secretário de assuntos políticos da OEA, Victor Rico.
Segundo ele, a comissão, da
qual participarão três estrangeiros e dois hondurenhos, vai
se dedicar a esclarecer os fatos
que desembocaram na crise política e no golpe contra Zelaya.
O trabalho pode demorar ao
menos seis meses.
Com agências internacionais
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