São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hillary pressiona região a reaceitar Honduras

Na Guatemala, secretária de Estado dos EUA se reúne com presidentes centro-americanos, que anunciam avanços para normalização

Exílio de ex-presidente Zelaya ainda é obstáculo para que países como o Brasil reconheçam a validez do governo Porfirio Lobo


DA REDAÇÃO

Na Guatemala, a última parada de sua viagem pela América Latina, a secretária de Estado dos Estado Unidos, Hillary Clinton, voltou a defender ontem que os países da região reconheçam o novo governo hondurenho que assumiu em janeiro, depois de eleições realizadas após o golpe de Estado de 28 de junho.
Hillary pregou a posição americana ante o anfitrião, o presidente guatemalteco, Alvaro Colom, e seus colegas de El Salvador, da Costa Rica, da República Dominicana e do premiê de Belize -todos no país para encontro com a secretária.
Também participou da reunião -sobre cooperação e combate ao narcotráfico, entre outros temas- o presidente hondurenho, Porfirio Lobo.
Do grupo, só a Costa Rica reconheceu o governo Lobo. Na região, o Panamá também o fez.
Ao lado da secretária de Estado, Colom anunciou ontem que ele e seu colega de El Salvador, Mauricio Funes, consideram que houve "avanço importante" rumo à normalização das relações com Honduras.
Informou terem acertado "compromissos concretos" com Lobo e anunciou mais duas reuniões sobre a questão, uma delas em Tegucigalpa.

Passos e OEA
"Pensamos que Honduras tomou passos que merecem a normalização das relações", disse Hillary ainda na Costa Rica, na quinta, quando anunciou que os EUA descongelarão US$ 30 milhões em ajuda ao governo hondurenho. "Outros países dizem que querem esperar. Não sei o que estão esperando, mas é direito deles esperar", disse a secretária.
O Brasil é um dos que querem esperar. Segundo o chanceler Celso Amorim, o governo observa "atento" passos de Lobo, como a demissão do chefe das Forças Armadas envolvido no golpe. Argumenta que falta, por exemplo, que Tegucigalpa "crie as condições" para que o ex-presidente Manuel Zelaya volte ao país, se quiser.
Zelaya deixou Honduras no fim de janeiro, após acordo com Lobo, rumo à República Dominicana. Ontem, ele estava na Venezuela, como parte de um tour por países da região. O ex-presidente teve os delitos políticos ligados ao golpe anistiados pelo novo Congresso, mas ainda pesam contra ele acusações de corrupção, a maioria aberta após o golpe, e esse é um dos motivos de seu "exílio".
Há ainda avaliação em Honduras de que Zelaya não pode voltar até que a transição para o governo Lobo "decante".
O país ainda está às voltas com a criação da Comissão da Verdade, parte do acordo de Zelaya e o governo golpista, fechado com apoio dos EUA em outubro de 2009, que terá assessoria da OEA (Organização dos Estados Americanos).
"Não será uma comissão como as do pós-ditadura, para apontar violações maciças de direitos humanos", disse à Folha o secretário de assuntos políticos da OEA, Victor Rico.
Segundo ele, a comissão, da qual participarão três estrangeiros e dois hondurenhos, vai se dedicar a esclarecer os fatos que desembocaram na crise política e no golpe contra Zelaya. O trabalho pode demorar ao menos seis meses.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Lula desiste de comparecer à posse de Piñera
Próximo Texto: De volta: FMI reconhece Lobo e libera US$ 160 mi para Honduras
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.