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DROGAS
Objetivo é oferecer aos dependentes ambiente higiênico e seguro para evitar a transmissão de doenças e overdoses
Austrália abre centro para uso de heroína
KATHY MARKS
DO "THE INDEPENDENT", EM SYDNEY
A Austrália pretende inaugurar
nas próximas semanas o primeiro
centro legal do país para consumo
de heroína na principal rua de
Kings Cross, a zona de prostituição da capital Sydney.
O único obstáculo legal à chamada "galeria do pico" foi derrubado ontem, quando a Justiça rejeitou as alegações de que havia
pouco apoio para o projeto na comunidade local.
O centro para consumo de heroína tem gerado grande polêmica desde que foi proposto por
uma comissão de estudos sobre
drogas cinco anos atrás.
As Irmãs da Misericórdia, uma
ordem pioneira de freiras católicas que iria gerenciar o local, foram obrigadas a abandonar o
projeto por ordem direta do papa.
O centro, que será administrado
agora por uma igreja evangélica,
terá supervisão médica e irá operar nos primeiros 18 meses em caráter experimental.
O objetivo do projeto é oferecer
um ambiente higiênico e seguro,
onde os dependentes de heroína
possam injetar a droga em si mesmos e recuperar os sentidos antes
de saírem para a rua. Cerca de
cem pessoas por ano morrem de
overdose em Kings Cross.
Projetos semelhantes já existem
na Suíça, na Alemanha, na Espanha e na Holanda, mas o centro
de Sydney será o maior de todos.
Espera-se que ele receba cerca de
200 dependentes químicos por
dia.
O juiz Brian Sully, da Suprema
Corte de New South Wales, julgou
válida a licença concedida pela
polícia e pelas autoridades médicas para a operação do centro.
Segundo ele, não há nenhum
impedimento legal na Austrália
contra esse tipo de projeto.
Na opinião do juiz, a criação de
um centro para consumo de heroína "levanta várias questões de
política pública, moralidade pública, filosofia social, política social e bem-estar social", mas não
cabe aos tribunais julgar essas
questões.
O centro de consumo de heroína terá uma fileira de cabines de
metal, uma sala para ressuscitação e uma área de ventilação e deve abrir logo após a Páscoa, quando todos os funcionários já tiverem sido contratados.
A Câmara de Comércio de
Kings Cross diz que a "galeria do
pico" terá um impacto desastroso
nos negócios locais, que dependem dos turistas que visitam a
área.
O presidente da associação,
Malcolm Duncan, disse que vai
examinar a possibilidade de apelar da sentença.
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