São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Sharon reitera que Arafat é alvo de Israel

DA REDAÇÃO

O premiê israelense, Ariel Sharon, afirmou que não está mais comprometido com os EUA em não matar o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat. A afirmação foi repetida em diferentes entrevistas concedidas na semana passada e publicadas ontem em Israel.
"Eu não garanto a segurança física dele [de Arafat]. Quem quer que mate judeus ou ordene a morte de judeus será morto", disse Sharon ao diário "Yedioth Ahronoth". Ao "Maariv", afirmou, sobre o acordo com o presidente dos EUA, George W. Bush, de não matar Arafat: "Na época, fiz esse compromisso de não atingi-lo fisicamente". Porém, segundo Sharon, o cenário mudou.
"Houve um tempo no qual ele [Arafat] andava em tapetes vermelhos. Hoje, todas essas pessoas [que recebiam Arafat com honras] também sabem os estragos que ele causou", acrescentou.
Ao explicar as declarações de Sharon, Raanan Gissin, seu porta-voz, disse que Israel não tem a intenção imediata de agir contra Arafat. Mas, dependendo das circunstâncias -como no caso de um atentado terrorista de grandes proporções-, tudo pode mudar.
Os EUA insistiram ontem que são contrários a qualquer ação física contra Arafat. "Nós deixamos claro que enviá-lo ao exílio ou qualquer outro tipo de saída nesse sentido não faz parte da solução para o Oriente Médio. E essa posição foi passada de forma clara para Sharon e ele tem conhecimento disso", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.
Saeb Erekat, principal negociador palestino, disse que a ANP está recebendo como sérias as ameaças feitas por Sharon. "É consistente com a saída estratégica de Sharon do processo de paz: destruir a ANP, matar Arafat, transformar tudo em um caos de anarquia e extremismo e depois dizer que não tem um parceiro com quem negociar", disse.
As ameaças israelenses contra Arafat cresceram após o Exército matar o xeque Ahmed Yassin, líder do Hamas, em ataque aéreo na faixa de Gaza. Na ocasião, os EUA disseram que Israel tinha o direito de se defender, mas devia ter consciência de seus atos.
Nas entrevistas de ontem, Sharon disse que a saída de Gaza não é um prêmio para os terroristas, conforme critica a direita israelense. Ao contrário, afirma, será um duro golpe nos palestinos, que verão seus sonhos de ter um Estado adiado por muitos anos.
As ameaças de resposta palestina à morte de Yassin elevaram para o nível mais alto o número de alertas de possíveis atentados em Israel, segundo o governo. Para agravar, esta é a semana do Pessach (a Páscoa judaica). Em 2002, um atentado nessa mesma época levou Israel a invadir a Cisjordânia em ampla operação militar.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Carta ameaça levar "inferno" para a Espanha
Próximo Texto: Votação: Junta propõe adiar eleição venezuelana
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.