São Paulo, quarta-feira, 06 de abril de 2011

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"Crescimento chinês" do Peru mantém desigualdade

Com popularidade baixa, presidente não terá candidato no pleito de domingo

Pobreza rural não caiu de forma significativa; "agenda social" dá o tom da disputa pela Presidência peruana

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A economia peruana foi a que mais cresceu na América do Sul na última década: 5,7% ao ano. O "milagre econômico peruano", porém, não se traduziu em popularidade para o atual governo.
A aprovação ao presidente Alan García está em apenas 26% e ele não emplacou nenhum candidato na eleição presidencial deste domingo.
A razão disso é que o crescimento "chinês" não serviu para reduzir de forma significativa a desigualdade, principalmente na zona rural.
Pensando nisso, os principais candidatos ao pleito do dia 10 -o ex-presidente Alejandro Toledo (centro-direita), Keiko Fujimori (direita), Pedro Pablo Kuczynski (centro-direita) e Ollanta Humala (esquerda)- apostam numa agenda social para ganhar votos do eleitorado descontente com a desigualdade.
Todos falam em turbinar programas semelhantes ao Bolsa Família e adotar medidas para distribuir renda.
A história de sucesso peruana se restringe a Lima, à costa e a cidades exportadoras; na região amazônica e no altiplano, não houve tanta redução de pobreza.
"A pobreza rural não está caindo de forma significativa", avalia Andrea Stiglich, analista de América Latina da Economist Intelligence Unit. "A diferença entre as regiões ainda é muito grande."
Pesquisas de opinião indicam que a eleição será disputada voto a voto, o que deverá levar a um segundo turno no início de junho. Segundo analistas, o fracasso na redução da desigualdade explica o desempenho de Humala.
O fracasso político de García também é resultado de repetidas denúncias de corrupção envolvendo seu partido, além de embates com movimentos sociais e indígenas.
"Existe uma forte percepção nas classes baixas de que as atividades extrativas não as estão beneficiando, e isso gera tensão social", afirma Diego Moya-Ocampos, analista da IHS Global Insight.
A voraz demanda chinesa por commodities explica, em larga medida, o crescimento do país. Os preços das principais exportações do Peru - cobre, prata e zinco- dispararam. "Há uma crescente presença de empresas chinesas nesse setor", afirma Emma Hawkins, analista da Business Monitor International.

BRASIL NA MIRA
Ollanta Humala, que lidera as pesquisas para a eleição, pretende renegociar contratos com empresas brasileiras que atuam no país.
Numa eventual vitória do esquerdista, o governo reavaliará contratos com mineradoras e concessões na Amazônia, diz Javier Canseco, candidato ao Congresso pela coalizão de Humala.
"É uma coisa totalmente irresponsável, 75% da Amazônia peruana foi privatizada. Nós seremos muito mais cautelosos com as regras de preservação ambiental e os pleitos sociais", afirma ele.


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