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DIREITOS HUMANOS
Outros brasileiros aderem a abaixo-assinado que denuncia campanha dos EUA; texto omite execuções
Chico Buarque assina carta em favor de Cuba
DA REDAÇÃO
Os brasileiros Chico Buarque
(compositor), Oscar Niemeyer
(arquiteto), Beth Carvalho (cantora), Emir Sader (sociólogo) e
João Pedro Stedile (líder do MST)
estão entre os mais de 200 signatários de um abaixo-assinado em
defesa de Cuba e contra os EUA lido durante manifestação em Havana no Primeiro de Maio.
O documento, intitulado "À
consciência do mundo", denuncia "uma campanha de desestabilização contra Cuba" que poderia
"servir de pretexto para uma invasão", mas não faz referência às
recentes execuções ocorridas em
Cuba ou à atual onda repressiva
do regime de Fidel Castro.
"A ordem internacional foi violada como consequência da invasão contra o Iraque. Uma só potência está infligindo grave dano
às normas de entendimento, debate e mediação entre os países.
Essa potência invocou uma série
de razões não comprovadas para
justificar sua invasão. A ação unilateral implicou a perda de vidas
civis e a devastação de um dos patrimônios culturais da humanidade", afirma o documento.
"Nós somente possuímos nossa
autoridade moral, com a qual
apelamos à consciência mundial
para evitar uma nova violação dos
princípios que guiam a comunidade global das nações. Neste momento, está em marcha uma intensa campanha de desestabilização contra uma nação da América
Latina. O acosso contra Cuba pode servir de pretexto para uma invasão. Por isso, exortamos todos
os cidadãos e todos os políticos a
apoiar os princípios universais de
soberania nacional, respeito à integridade territorial e à autodeterminação, essenciais para uma
coexistência pacífica e justa entre
as nações", diz o texto.
O sociólogo Emir Sader, 59, não
vê problema no fato de o abaixo-assinado não criticar as violações
aos direitos humanos pelo regime
cubano. "O mais importante é a
defesa do direito de Cuba de decidir seu destino, é a defesa de Cuba
contra a agressão americana. O
erro dos fuzilamentos não tem
nada a ver com isso", disse.
"Bush também permitiu que
dezenas de condenados fossem
executados quando era governador do Texas", disse Sader, referindo-se ao atual presidente americano.
Segundo a agência France Presse, Chico Buarque teria sido um
dos últimos a assinar o documento, que está circulando nos meios
artísticos e intelectuais há alguns
dias. De fato, em algumas listas
disponíveis na internet aparece o
nome de Chico, mas em outras
não. Até o fechamento desta edição, a Folha não havia conseguido falar com o compositor.
O documento também foi assinado pelos Prêmios Nobel Rigoberta Menchú, Nadine Gordimer,
Adolfo Pérez Esquivel e Gabriel
García Márquez. Mario Benedetti,
Antonio Gades, Eduardo Galeano
e Ariel Dorfman estão na lista.
A polêmica sobre Cuba tomou
corpo após o escritor português
José Saramago, um dos principais
nomes da esquerda mundial, publicar um texto no jornal "El País"
no qual anunciava seu rompimento com o regime de Fidel:
"Cuba perdeu minha confiança e
frustrou minhas esperanças".
No Brasil, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, classificou como
"uma intolerância" e "lamentável" a execução de presos em Cuba. O cantor e compositor Caetano Veloso assinou uma carta que
condena a repressão em Cuba, ao
lado de mais de mais de 50 artistas
e intelectuais, entre eles o cineasta
Pedro Almodóvar.
No início de abril, um grupo de
75 dissidentes cubanos foi condenado a penas de até 27 anos de
prisão. No dia 11, três homens
condenados pelo sequestro de
uma lancha de passageiros, a bordo da qual pretendiam fugir para
os EUA, foram fuzilados após julgamento sumário.
Com agências internacionais
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