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Ciclone deixa 15 mil mortos em Mianmar
Balanço provisório de vítimas é divulgado pelo ministro do Exterior na TV estatal; em apenas uma cidade, 10 mil morreram
Junta militar autoriza o ingresso de equipes de ajuda da ONU; grande exportador de arroz, país pode ter que importá-lo
Reuters/Divulgação
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Crianças sentam em árvore caída em Yangun; principal cidade birmanesa foi atingida
DA REDAÇÃO
O ministro do Exterior de
Mianmar, Nyan Win, anunciou
hoje de manhã (início da madrugada no Brasil) que o ciclone Nargis, que varreu o país na
noite de sexta-feira, deixou pelo menos 15 mil mortos. Win
disse à TV estatal que 10 mil das
vítimas são de apenas uma cidade, Bogalay, na região de Irrawaddy, no delta do rio de
mesmo nome. Os desaparecidos são cerca de 3.000.
Os números divulgados pela
junta militar que controla o
país foram sendo atualizados
durante o dia de ontem. Um balanço anterior contabilizava
3.934 mortos, com 2.879 pessoas desaparecidas.
Além do delta do Irrawaddy,
a tempestade, com ventos de
até 190 km/h, atingiu a região
da ex-capital, Yangun, onde 59
mortos foram contados. "Dados vindos do delta mostram
que, em algumas vilas, 95% das
casas foram destruídas", contou Matthew Cochrane, da
Cruz Vermelha.
A escala do desastre levou a
um raro "sim" dos generais linha-dura para a ajuda internacional, rejeitada em 2004
quando um tsunami no oceano
Índico atingiu a região. O ministro Win disse que o país, um
dos mais pobres da Ásia, precisa de remédios e roupas, além
de tijolos, folhas de zinco e
plástico para abrigos.
Depois de um "cuidadoso sinal verde" de Mianmar, a ONU
prometeu todo o esforço para
enviar alimentos, água potável
e cobertores. "A ONU fará tudo
o que pode para levar ajuda a
Mianmar", declarou o secretário-geral Ban Ki-moon.
Os EUA, que mantêm sanções contra o país, liberaram
US$ 250 mil. Mas, "até agora,
Mianmar não nos deu permissão para entrar", disse um porta-voz. A União Européia enviará US$ 3 milhões.
Em Yangun, o preço da gasolina dobrou; o dos ovos triplicou. Sem previsão de quando a
eletricidade voltará à antiga capital -uma nova, Naypyitaw,
foi recém-inaugurada pelos militares-, as lojas já não tinham
mais velas e pilhas.
Segundo a ONG Associação
de Assistência aos Prisioneiros
Políticos, sediada em Bancoc
(Tailândia), a polícia matou 36
presos para reprimir um tumulto que começou quando
acenderam uma fogueira para
se aquecerem.
A TV estatal mostrava militares e a polícia resgatando vítimas e limpando Yangun, mas
moradores reclamam de que a
resposta é lenta. "Onde estão os
soldados e a polícia? Eles foram
muito rápidos e agressivos
quando houve protestos no ano
passado", disse um aposentado,
se referindo às manifestações
lideradas por monges budistas
reprimidas com saldo de pelo
menos 31 mortos.
O ciclone e as inundações nas
duas principais áreas produtoras de arroz de Mianmar, no
delta do rio Irrawaddy, terão
efeito no abastecimento de comida de outros dois países pobres: Sri Lanka e Bangladesh.
O governo diz que as 50 mil
toneladas de arroz que deveriam ser exportadas para o Sri
Lanka neste mês devem ser
atrasadas. Mas é incerto se
Mianmar, o maior exportador
de arroz do mundo desde que
ficou independente da Grã-Bretanha, em 1948, precisará
importar o produto. Se isso
ocorrer, os preços internacionais do arroz devem subir mais.
Com agências internacionais
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