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EVENTO
Reunião no Rio acaba com apelo ao G-7
Para ex-líderes, gasto
com armas deve cair
ANTONIO CARLOS SEIDL
enviado especial ao Rio
O InterAction Council, conselho
internacional de ex-chefes de Estado e de governo, exortou ontem o
G-7 (grupo dos sete países mais industrializados) a restringir a produção e a exportação de armas.
O comunicado final da 16ª sessão
plenária do InterAction Council,
encerrada ontem no Rio, que será
encaminhado à reunião do G-7 este mês em Birmingham (Reino
Unido), pede aos sete países que
não concedam ajuda oficial a países que gastam mais com armas do
que com educação e saúde, que
não têm programas sociais para
aprimorar a educação das pessoas
das classes de renda mais baixa e
de mulheres e que não têm serviços de planejamento familiar.
O presidente executivo do conselho, Malcolm Fraser, 67, primeiro-ministro da Austrália de 1975 a
1983, disse que é inadmissível a
desculpa dos grandes exportadores de armas, segundo a qual cortes na produção teriam um efeito
adverso sobre o emprego.
"Os gastos militares, que chegam a US$ 1 trilhão por ano, estão
prejudicando a luta contra a pobreza no mundo. É uma vergonha
para todos o fato de que 3 bilhões
de pessoas continuem a viver com
menos de US$ 2 por dia e que 1,3
bilhão de pessoas ainda não tenham acesso a água limpa."
O InterAction Council, que se
reúne anualmente para fazer sugestões aos governantes para a resolução de problemas contemporâneos, também pede ao G-7 que
admita entre os seus membros a
Rússia e a China, "tendo em vista
a crescente importância política e
econômica desses países".
Os ex-governantes sugerem a reforma do FMI (Fundo Monetário
Internacional) com o objetivo de
fortalecer a capacidade de supervisão das instituições financeiras internacionais e de reduzir os riscos
de crises globais.
O conselho propõe a criação de
um fundo para a prevenção de ataques especulativos contra moedas
de países emergentes.
O senador José Sarney
(PMDB-AP), membro do InterAction Council e presidente da reunião do Rio, a primeira do conselho, criado em 1983, na América
Latina, disse que o FMI precisa ser
mais transparente e deve ajustar
suas recomendações de política
econômica às realidades sociais de
cada país.
Com relação à América Latina, o
conselho elogiou os processos de
democratização e de recuperação
econômica, principalmente do
Brasil, mas disse que isso não tem
sido suficiente para reduzir a exclusão social, a degradação ecológica e o desemprego.
O desafio para a América Latina,
diz o documento, é equilibrar estabilidade econômica com equidade social.
Por fim, o InterAction Council
pede que todos os governos endossem a Declaração Universal
das Responsabilidades Humanas,
proposta dos ex-líderes que está
sendo encaminhada às Nações
Unidas, "como base para o convívio num mundo cada vez menor".
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