São Paulo, quarta, 6 de maio de 1998

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EVENTO
Reunião no Rio acaba com apelo ao G-7
Para ex-líderes, gasto com armas deve cair

ANTONIO CARLOS SEIDL
enviado especial ao Rio

O InterAction Council, conselho internacional de ex-chefes de Estado e de governo, exortou ontem o G-7 (grupo dos sete países mais industrializados) a restringir a produção e a exportação de armas.
O comunicado final da 16ª sessão plenária do InterAction Council, encerrada ontem no Rio, que será encaminhado à reunião do G-7 este mês em Birmingham (Reino Unido), pede aos sete países que não concedam ajuda oficial a países que gastam mais com armas do que com educação e saúde, que não têm programas sociais para aprimorar a educação das pessoas das classes de renda mais baixa e de mulheres e que não têm serviços de planejamento familiar.
O presidente executivo do conselho, Malcolm Fraser, 67, primeiro-ministro da Austrália de 1975 a 1983, disse que é inadmissível a desculpa dos grandes exportadores de armas, segundo a qual cortes na produção teriam um efeito adverso sobre o emprego.
"Os gastos militares, que chegam a US$ 1 trilhão por ano, estão prejudicando a luta contra a pobreza no mundo. É uma vergonha para todos o fato de que 3 bilhões de pessoas continuem a viver com menos de US$ 2 por dia e que 1,3 bilhão de pessoas ainda não tenham acesso a água limpa."
O InterAction Council, que se reúne anualmente para fazer sugestões aos governantes para a resolução de problemas contemporâneos, também pede ao G-7 que admita entre os seus membros a Rússia e a China, "tendo em vista a crescente importância política e econômica desses países".
Os ex-governantes sugerem a reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) com o objetivo de fortalecer a capacidade de supervisão das instituições financeiras internacionais e de reduzir os riscos de crises globais.
O conselho propõe a criação de um fundo para a prevenção de ataques especulativos contra moedas de países emergentes.
O senador José Sarney (PMDB-AP), membro do InterAction Council e presidente da reunião do Rio, a primeira do conselho, criado em 1983, na América Latina, disse que o FMI precisa ser mais transparente e deve ajustar suas recomendações de política econômica às realidades sociais de cada país.
Com relação à América Latina, o conselho elogiou os processos de democratização e de recuperação econômica, principalmente do Brasil, mas disse que isso não tem sido suficiente para reduzir a exclusão social, a degradação ecológica e o desemprego.
O desafio para a América Latina, diz o documento, é equilibrar estabilidade econômica com equidade social.
Por fim, o InterAction Council pede que todos os governos endossem a Declaração Universal das Responsabilidades Humanas, proposta dos ex-líderes que está sendo encaminhada às Nações Unidas, "como base para o convívio num mundo cada vez menor".



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