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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Líder palestino manteve contato com a delegação palestina e conversou com Mazen durante cúpula na Jordânia

Arafat diz que Israel não ofereceu "nada tangível"

DA REDAÇÃO

O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, afirmou ontem que Israel não ofereceu nada "tangível" na cúpula de paz realizada anteontem em Ácaba, na Jordânia.
"Qual é o significado de remover um trailer de um determinado local e afirmar que desmantelou um assentamento?", afirmou o líder palestino, que não participou da cúpula em Ácaba.
A declaração de Arafat foi uma referência ao anúncio feito pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, anteontem na Jordânia, de que os assentamentos considerados ilegais por Israel serão desmantelados.
Porém esses assentamentos são, em muitos casos, trailers e tendas posicionados à revelia do governo no alto de colinas e ao redor de outros assentamentos judaicos.
Os palestinos e a comunidade internacional consideram ilegais todos os assentamentos judaicos na Cisjordânia e na faixa de Gaza, territórios palestinos ocupados por Israel em 1967.
A medida anunciada por Sharon, no entanto, faz parte da primeira fase do novo plano de paz, lançado na cúpula que reuniu, além de Sharon, o premiê palestino, Abu Mazen, e o presidente dos EUA, George W. Bush.
O plano, proposto pelos EUA em conjunto com a União Européia, a ONU e a Rússia, deve culminar na criação de um Estado palestino em 2005.
No encontro, considerado positivo por Bush, Mazen afirmou que a Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense) deve acabar e se comprometeu a combater os grupos terroristas.
Arafat, que é a liderança histórica dos palestinos e participou de todas as negociações anteriores, foi deixado de lado desta vez. Americanos e israelenses o acusam de não combater e até mesmo apoiar o terrorismo. O líder palestino nega as acusações.
Mesmo impedido por Israel de deixar o seu QG em Ramallah (Cisjordânia), Arafat teria exercido sua liderança nos bastidores, dando ordens a membros da comitiva palestina na Jordânia e até mesmo participando da elaboração de alguns pontos da declaração de Mazen. Porém o líder palestino ficou furioso com a ausência de uma menção ao cerco que lhe é imposto em Ramallah.
Depois do encontro, Arafat conversou por cerca de 20 minutos com Mazen por telefone. Sua popularidade é bem superior à do premiê: o líder palestino conta com 35% de apoio entre a população palestina, contra 3% de Mazen. Ontem, em Gaza, ocorreu um protesto pró-Arafat.
Devido ao temor de que algum colono insatisfeito com as concessões feitas por Israel no plano de paz ataque Sharon, a segurança do premiê foi reforçada. Mais protestos de colonos aconteceram ontem em Israel.
Há cerca de 230 mil colonos judeus vivendo em assentamentos na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
No lado palestino, a oposição ao plano entre os extremistas também é grande. Grupos terroristas disseram que os ataques contra Israel serão mantidos.
O Exército de Israel matou dois membros do Hamas ontem em troca de tiros em Tulkarem (Cisjordânia). Segundo os militares israelenses, eles faziam parte de uma célula que pretendia realizar um atentado.
Os corpos de dois israelenses foram encontrados ontem nos arredores de Jerusalém. A polícia de Israel disse que eles foram vítimas de um ato terrorista.

Brasil
A comunidade judaica do Brasil se manifestou por meio de Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista. "A decisão de aceitar o plano, que prevê a criação de um Estado palestino, é oportuna e bem-vinda. Esperamos que o acordo não seja torpedeado por terroristas de um lado e extremistas de outro."


Com agências internacionais


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