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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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ARGENTINA

Kirchner pedira processo

Após pressão, chefe do Supremo é investigado

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A Câmara dos Deputados da Argentina retomou ontem um processo para a destituição do presidente da Suprema Corte, Julio Nazareno, um dia após o presidente da República, Néstor Kirchner, ter ido à TV em rede nacional pedir que o Congresso investigasse e afastasse alguns dos juízes da Corte que, segundo ele, não estariam "à altura do cargo".
Nazareno, amigo do ex-presidente Carlos Menem (1989-99), foi o principal alvo das críticas de Kirchner. O presidente o acusou de tentar inviabilizar o seu mandato. No início da semana, Nazareno sinalizou com a intenção de dar um parecer favorável para uma ação que prevê a redolarização dos depósitos de um correntista de Córdoba.
Se aprovada, a liberação daria margem para que outros correntistas pedissem o mesmo, o que traria sérios problemas econômicos para o governo. Com o fim da paridade cambial entre peso e dólar, no início do ano passado, os depósitos bancários -mesmo os denominados em dólares- foram pesificados. A redolarização resultaria em bilhões em prejuízo para os cofres públicos.
O presidente da comissão que irá comandar as investigações no Congresso, o peronista Ricardo Falú, afirmou que as denúncias apresentadas contra o ministro são evidentes.
Nazareno, 67, que já havia sido investigado no ano passado, enfrentará 12 novas acusações, a maioria por "mal desempenho das funções". É acusado por não ter cobrado ações mais enérgicas nas investigações do atentado contra a Embaixada de Israel, em 1992, e no processo sobre contrabando de armas ao Equador e à Croácia, do qual Menem era o principal alvo.
Os deputados pedem mudanças na formação da Suprema Corte. Querem que ela volte a ser composta por apenas cinco integrantes-era assim até 1994.
Nazareno rebateu ontem as críticas de Kirchner, afirmando que não irá renunciar ao cargo e que se o presidente quer afastar membros da Suprema Corte terá de fazê-lo por meios legais.
"Se quer um plebiscito, que o convoque", disse Nazareno. Kirchner cogitou a possibilidade de realizar um referendo. No entanto, a votação só poderá ocorrer se for convocada pelo Congresso.
Os demais juízes da Suprema Corte, no entanto, não fizeram declarações e se fecharam todo o dia em reuniões "deliberativas".


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