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Manifestação que pretendia ser pacífica acaba em confronto com polícia e prisões
DA ENVIADA A SANTIAGO
A convocação dos líderes dos
estudantes secundaristas chilenos era que ontem fosse um
dia de "paralisação reflexiva",
sem passeatas e, principalmente, sem confronto com a polícia.
Mas durante todo o dia, houve
focos de conflito entre manifestantes e policiais e saques
nas principais ruas do centro
de Santiago. Segundo o governo, havia 262 detidos à noite.
Universitários e professores
responderam à convocação de
greve nacional dos estudantes.
Funcionários do Ministério da
Educação fizeram uma paralisação pontual, durante a manhã, mas a CUT (Central Unificada dos Trabalhadores) chilena apoiou a greve apenas "simbolicamente".
Os principais confrontos
ocorreram a uma quadra do Palácio de La Moneda, a sede do
governo. É onde está uma das
sedes da Universidade do Chile
e o Instituto Nacional -o mais
tradicional colégio secundário
público do país. Os arredores
foram escolhidos como ponto
de concentração dos estudantes e manifestantes que cobriam o rosto com capuzes.
De quando em quando, tanques da polícia percorriam a
avenida, lançando jatos de água
e de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que os
provocavam gritando e atirando pedras. O trânsito foi bloqueado várias vezes. "A repressão não tem sentido. Não se
tem direito de fazer passeata no
Chile. Eles lançam gás lacrimogêneo até aqui, dentro da universidade", reclamava Felipe
Hazbun, 24, vice-presidente da
União dos Estudantes Universitários chilenos, que também
estão em greve para apoiar os
secundaristas, apelidados de
"pingüins" pelos uniformes
com gravata que usam.
Saques
Comércios e restaurantes fecharam as portas por volta do
meio-dia no centro -e quem
permaneceu funcionando o fez
protegido por grades de segurança. Houve saques de lojas.
Mais cedo, na praça Itália (a
cerca de dez quadras do La Moneda), houve confronto e 20
detidos, segundo a polícia, "todos maiores de idade". O governo disse que "vândalos" se infiltraram entre os estudantes.
Líderes estudantis lamentavam os conflitos com a polícia e
negavam desgaste do movimento. "Não aconteceu como
nós pedimos", disse Karina
Delfino, 17, uma das porta-vozes da associação de estudantes
secundaristas.
A preocupação dos estudantes é que o novo dia de violência
e os saques destruam o "consenso" de apoio de vários setores -entre os líderes há simpatizantes do governo Bachelet,
comunistas e direitistas- e da
imprensa a suas reivindicações.
A proposta inicial era fazer um
buzinaço de apoio aos estudantes às 19h, mas houve pouca
adesão. Esperava-se ontem
ainda uma avaliação dos porta-vozes sobre a "greve nacional".
À tarde, o ex-presidente Ricardo Lagos, que deixou a Presidência com cerca de 70% de
aprovação, respaldou as ações
do governo Bachelet e criticou
as manifestações violentas.
À noite, o movimento Frente
Patriótica Manuel Rodríguez,
ex-organização guerrilheira
durante a ditadura, convocou
uma marcha no centro que foi
dispersada pela polícia. Na cidade de Valparaíso, houve uma
passeata com 12 mil estudantes
e professores, sem incidentes.
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