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Abbas fará plebiscito que isola o Hamas
Após fracasso de negociação com grupo terrorista, presidente palestino deve convocar hoje votação sobre plano que reconhece Israel
Consulta popular terá como
base documento elaborado por prisioneiros, que aceita
a negociação com Israel e
exige fronteiras pré-1967
DA REDAÇÃO
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina (ANP),
Mahmoud Abbas, deverá convocar hoje um plebiscito pelo
qual atropelaria o gabinete
controlado pelo grupo islâmico
Hamas e buscaria o reconhecimento implícito do direito de
Israel à existência.
O jornal israelense "Haaretz"
informou que Abbas se reuniu
ontem à tarde com os responsáveis pela comissão eleitoral
palestina para discutir a logística da consulta popular.
Pouco antes da meia-noite
local (17h, em Brasília), Abbas
reuniu as facções palestinas e
afirmou que suas consultas
com o Hamas terminaram em
impasse e que não restava alternativa a não ser convocar a
população às urnas.
Sua decisão foi relatada à Associated Press por Khalda Jara,
um dos participantes do encontro e dirigente de um pequeno
grupo laico menos influente.
No final da tarde, Abbas declarara que não recuaria do ultimato dado ao Hamas -majoritário no Parlamento e que
desde janeiro controla o gabinete que governa Cisjordânia e
Gaza-, para que aceitasse o
plano de paz elaborado por prisioneiros palestinos de diferentes facções, que se encontram
em presídios israelenses.
O plano propõe dois Estados
vizinhos que se reconheçam
mutuamente. O texto é rejeitado pelo Hamas, ainda partidário da "destruição" de Israel.
Pesquisas de opinião demonstraram nos últimos anos
que, cansada do terrorismo e de
conflitos, uma maioria expressiva de palestinos aceita reconhecer Israel em troca da paz.
Se o Hamas perder o plebiscito,
o governo majoritário em termos legislativos se verá minoritário entre os cidadãos.
O presidente e seu partido, o
Fatah, tentaram aproximar
suas posições em negociações
que se prolongaram até ontem
à tarde. Uma última rodada,
prevista para a noite, foi cancelada em razão do impasse.
"Se alguém quiser emendar
esse documento [do plano], não
chegaremos a nenhum resultado", disse Abbas, depois de se
encontrar com o chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana.
Assessores do presidente disseram que ele consultou juristas palestinos antes de redigir o
decreto de convocação do plebiscito, que ocorrerá um mês
depois da publicação do texto.
Além de colocar seus adversários internos numa posição
difícil, o que o presidente da
ANP procura é romper o embargo oficioso praticado pelos
Estados Unidos, Israel e em
parte pela União Européia, que
consiste em não mais doar dinheiro à ANP enquanto o Hamas não renunciar abertamente ao terrorismo e não reconhecer os direitos israelenses.
O primeiro-ministro palestino e líder do grupo islâmico, Ismail Haniyeh, em entrevista à
TV israelense, disse defender
"a continuação do diálogo" com
o presidente e disse que o ultimato por ele proposto "é uma
espada pendurada em cima de
nossos pescoços".
O porta-voz do Hamas, Sami
Abu Zuhri, também rejeitou o
ultimato. "Somos contra o plebiscito e não vamos aceitá-lo",
afirmou ele.
A plataforma eleitoral do Hamas não priorizava a destruição de Israel. Valorizava a moralização da administração palestina, em meio a evidências
de corrupção do governo anterior, controlado pelo Fatah.
Um dos líderes do Fatah,
Azam Ahmad, disse que o plebiscito "incrementaria a legitimidade de Abbas e daria a ele
sinal verde para prosseguir nas
negociações com Israel".
Afirmou também que Abbas
convocaria novas eleições presidenciais e parlamentares, caso o Hamas não se curvasse ao
resultado do plebiscito.
Confrontos entre o Hamas e
o Fatah mataram 16 pessoas
nas últimas semanas, cinco delas anteontem.
Com agências internacionais
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