São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Ataque suicida no Paquistão deixa pelo menos 30 mortos

Atentado em mesquita não foi reivindicado, mas atribuído pelo governo ao Taleban

Região do ataque, próxima ao vale do Swat, é palco de ação militar contra o grupo; premiê pede a enviado que EUA perdoem dívida do país

DA REDAÇÃO

Um atentado suicida contra uma mesquita lotada matou ao menos 30 pessoas (12 crianças) e deixou outras 40 feridas ontem em vilarejo no noroeste paquistanês, próximo ao vale do Swat. A região é palco da ofensiva militar contra o Taleban iniciada no fim de abril.
A autoria do ataque não foi reivindicada, mas Islamabad o atribuiu ao grupo extremista islâmico, que nas últimas semanas realizou atentados em várias cidades paquistanesas em represália à ação do Exército.
"É óbvio, foi o Taleban. Parece ser uma retaliação à ofensiva no Swat", disse o chefe da polícia local. Segundo ele, o número de mortos deve passar dos 30 já confirmados à medida que escombros da mesquita forem removidos. Alguns feridos encontram-se em estado grave.
O ataque ocorreu no vilarejo de Hayagai, no Alto Dir, adjacente ao vale do Swat -ambos na Província de Malakand. O local fica a cerca de 50 km de Mingora, principal cidade da região, recém-reconquistada pelas forças paquistanesas.
Segundo relatos, o homem-bomba detonou os explosivos ao ser interceptado por fiéis que desconfiaram da sua aparência e do seu comportamento. "Ele parecia um estranho, alguém que não é da região", afirmou uma testemunha.
No início da semana, insurgentes sequestraram dezenas de estudantes no Waziristão do Norte, depois libertados pelos militares. Na semana passada, ao menos 39 pessoas morreram em quatro ataques pelo país.

Escalada militar
Em fevereiro, governo e Taleban haviam firmado acordo que previa a imposição da sharia (lei islâmica) na região. O pacto de paz foi, porém, rompido após o avanço dos insurgentes e por pressão dos EUA.
No dia 26 de abril, o Exército paquistanês deu início a uma ofensiva para reconquistar regiões no entorno do Swat tomadas pelos insurgentes, que já controlavam áreas a apenas 100 km da capital, Islamabad.
No começo de maio, a ofensiva foi intensificada. Desde então, mais de 1.200 insurgentes e 90 militares foram mortos, segundo o Exército -não há informações sobre vítimas civis.
Segundo o governo paquistanês, a ação do Exército acabou com toda a "resistência organizada", restando apenas alguns focos de resistência, combatidos em "escala limitada".
O número de refugiados é estimado pela ONU em 2,5 milhões, o maior contingente de deslocados na última década.
No seu terceiro dia de viagem ao país, o enviado dos EUA para o Paquistão e o Afeganistão, Richard Holbrooke, elogiou as recentes ações de Islamabad no combate à insurgência, mas disse que o verdadeiro teste será o retorno dos refugiados.
Os EUA pressionam o governo paquistanês a combater o Taleban, instalado na porosa região fronteiriça com o Afeganistão após ser desalojado do poder pela invasão americana no pós-11 de Setembro. O Afeganistão é o foco do combate ao terrorismo do governo Obama.
O premiê Yousuf Raza Gilani pediu a Holbrooke o perdão de dívida de US$ 1,55 bilhão do Paquistão com os EUA. O americano prometeu mais US$ 200 milhões em ajuda a refugiados.


Com agências internacionais


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