São Paulo, sábado, 6 de junho de 1998

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NO TRIBUNAL
Al Fayed diz que mãe da princesa "pode ir para o inferno' em acareação de testemunhas com paparazzi
Pai de Dodi ataca a mãe de Diana

Associated Press
Mohamed al Fayed (centro), pai do namorado de Diana, sobe as escadas do Palácio da Justiça em Paris


RODRIGO AMARAL
de Paris

Os nove paparazzi que são acusados como responsáveis indiretos pela morte da princesa Diana e seu namorado, Dodi al Fayed, em 31 de agosto de 97, foram confrontados ontem com oito testemunhas oculares do caso. Após a sessão, o pai de Dodi partiu para as ofensas contra a mãe de Diana.
"É um tipo diferente de gente, que se recusa a falar com pessoas comuns como eu. Ela pode ir para o inferno", disse o milionário egípcio Mohamed al Fayed.
A morte dos filhos não serviu para aproximar os dois. A mãe de Diana, Frances Shand Kydd, está até processando as empresas de Al Fayed porque o motorista do carro, Henri Paul, era funcionário do Hotel Ritz, propriedade do empresário, e, segundo perícia, estava alcoolizado quando do acidente.
Al Fayed já chegou a declarar que a morte de seu filho e de Diana foi o resultado de um "complô". Ontem, porém, apontou suas baterias para os paparazzi de quem o casal tentava fugir quando houve o acidente. "São criminosos. Eu enforcaria todos eles."
A sessão no Palácio da Justiça de Paris gerou grande expectativa, mas, segundo advogados das partes, não trouxe nada de novo.

Processo
Os paparazzi (fotógrafos especializados em imagens de celebridades) respondem processo por homicídio culposo (sem intenção) e não-prestação de auxílio a pessoas em perigo.
Na noite do acidente, Diana deixou o Hotel Ritz junto com Dodi Al Fayed, um guarda-costas e o motorista Henri Paul, em uma Mercedes-Benz preta.
Para escapar dos fotógrafos, o automóvel saiu em alta velocidade. O motorista perdeu o controle, e a Mercedes acabou se chocando na entrada do túnel de l'Alma, no centro da capital francesa. Só sobreviveu o guarda-costas Trevor Rees Jones, gravemente ferido.
Os primeiros a chegar ao local do acidente foram os próprios paparazzi. O que a Justiça francesa pretende determinar é se eles decidiram registrar as cenas do acidente em vez de tentar salvar as pessoas que estavam no carro.
Logo após o acidente, testemunhas afirmaram que os fotógrafos não só não prestaram auxílio aos acidentados, como atrapalharam os serviços de resgate que chegaram posteriormente ao local.
Dias depois, os nove fotógrafos e o motociclista que acompanhava um deles foram intimados a se apresentar à polícia francesa. Foi aberto um processo contra eles.

"Sem grandes revelações'
Ontem, a acareação dos fotógrafos não parece ter tido muito resultado. O advogado de Mohamed al Fayed, Georges Kiejman, disse que a sessão foi "útil, mas sem grandes revelações".
Na última quinta-feira, a rede de TV norte-americana CBS disse que um funcionário do hotel admitiu ter servido bebidas alcoólicas a Henri Paul.



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