São Paulo, sábado, 6 de junho de 1998

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EUA
Governo incentiva transformação, e Casa Branca diz que status tem que mudar; plebiscito deve ser em dezembro
Porto Rico "sonha' em ser o 51º Estado

LUÍS EBLAK
da Redação

O governo de Porto Rico está iniciando este mês uma campanha para convencer sua população a aprovar, em plebiscito, que a ilha se transforme no 51º Estado norte-americano.
Porto Rico é um Estado-Livre associado dos EUA e deve realizar um plebiscito em dezembro para decidir seu futuro.
Anteontem, a Casa Branca afirmou que já é hora de os porto-riquenhos optarem pela mudança de status político da ilha. A declaração indica certa pressão, já que Porto Rico realizou nesta década dois plebiscitos e não conseguiu se tornar o 51º Estado americano.
Atualmente, um porto-riquenho é cidadão norte-americano, mas não pode votar para presidente dos EUA, nem escolhe parlamentares. Em compensação, não paga impostos federais.
No último referendo, em 1993, 48% da população pediu a manutenção da atual condição da ilha. No entanto, 46% votaram para que Porto Rico se transformasse em Estado -outros 4% quiseram a independência.
Em entrevista à Folha, o governador de Porto Rico, Pedro Rosseló, afirmou que a ilha ganharia em recursos cerca de US$ 3 bilhões a mais dos EUA caso se tornasse seu 51º Estado. Hoje, os norte-americanos ajudam Porto Rico com US$ 10 bilhões por ano.
"Historicamente, quem se torna Estado norte-americano melhora sua economia. O Havaí, por exemplo, crescia 4% ao ano. Quando se tornou Estado, o crescimento anual dobrou", disse à Folha na quarta-feira, em São Paulo.
O Havaí foi o último território a se transformar em Estado norte-americano, em 1959.
O PNP (Partido Novo Progressista), do governador, vai investir US$ 5 milhões para que a anexação como Estado seja aprovada. Rosseló -reeleito em 96- está no poder desde 93.
O projeto de inclusão de Porto Rico como Estado norte-americano foi aprovado em março pela Câmara dos Representantes e está em discussão no Senado dos EUA. Para se concretizar a inclusão da ilha entre os Estados norte-americanos, é preciso que a população aprove o plano em plebiscito. "Um aspecto fundamental nisso é que o porto-riquenho vote para presidente. É princípio básico de uma democracia", disse Rosseló.
Porto Rico foi anexado pelos EUA após a Guerra Hispano-Americana, em 1898 (leia texto nesta página).
No entanto, há oposição à transformação da ilha em Estado de fato. Os amantes do basquete, por exemplo, desaprovam a idéia, pois a equipe nacional teria que deixar de disputar a Olimpíada como seleção. Seus jogadores teriam que integrar a seleção dos EUA.
Porto Rico possui também um partido que luta pela independência e tem um projeto de nação soberana.


Com agências internacionais




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