São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2000


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DE VOLTA A CUBA
Governo decide dar a Juan Miguel uma das maiores honrarias do país após disputa judicial pelo filho
Fidel condecora o pai de Elián por seu papel em "batalha"

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Depois da batalha judicial e política em torno do náufrago cubano Elián González, 6, o Conselho de Estado, presidido pelo ditador cubano, Fidel Castro, decidiu condecorar o pai do garoto, Juan Miguel, por seu papel no caso.
Juan Miguel, 31, considerado um herói no país, receberia ontem uma das mais altas honrarias concedidas pelo Estado cubano, a Ordem de Carlos Manuel de Céspedes, nome do fundador do movimento de independência cubana, no século 19.
A condecoração ocorreria em uma cerimônia no teatro Karl Marx, em Havana, na noite de ontem. Havia a possibilidade de que fosse entregue pelo próprio ditador cubano, Fidel Castro, que não fez declarações públicas sobre o caso desde a volta do garoto, na semana passada.
Segundo o governo, Juan Miguel receberia a honraria em "reconhecimento ao extraordinário comportamento na dura batalha pela liberdade de Elián".
Juan Miguel foi aos EUA esperar que a Justiça norte-americana decidisse o futuro do menino, que tinha sua guarda reivindicada por parentes exilados em Miami. Ele ficou no país de abril a junho.
Elián chegou aos EUA em novembro de 99, quando a embarcação improvisada que o levava ao país naufragou, matando a mãe e o padrasto do menino.
Fidel capitalizou o episódio, organizando marchas com milhares de cubanos para exigir a volta do garoto "sequestrado".
O governo norte-americano posicionou-se pela volta de Elián, mas sofreu pressões da influente comunidade americana de origem cubana, que queria manter o garoto em "um país livre".
Elián voltou a Cuba depois que a Justiça dos EUA se recusou a conceder audiência de pedido de asilo ao garoto e a renovar a ordem que o proibia de deixar o país.
Durante a estada de Juan Miguel nos EUA, os exilados ofereceram US$ 2 milhões para que ficasse, segundo o governo cubano.
Ontem, o jornal "Juventud Rebelde", da Juventude Comunista cubana, publicou um suplemento de 32 páginas intitulado "Elián em sua pátria", para celebrar a sua volta. Por US$ 0,50 era possível conhecer a visão oficial da saga, um "relato histórico do sequestro e os 207 dias do combate de um povo, uma família e um pai, com a verdade triunfando sobre a mentira, o certo sobre o errado, a justiça sobre a infâmia".
Fidel afirma que a batalha não se encerrou com a volta de Elián. Agora, centra seu poder de fogo em criticar o embargo estabelecido após a revolução comunista de 1959 e a política de imigração. Todo cubano que chega aos EUA tem direito de pedir asilo.
Elián passa por um período de "readaptação" em uma casa-escola em Havana. Ele deve voltar a sua cidade natal, Cárdenas, em meados de julho. Juan Miguel e Elián visitaram Cárdenas ontem para que o garoto se familiarizasse com sua antiga cidade. O governo diz que a viagem era necessária porque Elián, que nunca havia ido a Havana, não se deu conta de que estava de volta a Cuba.


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