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Desilusão marca Dia da Independência
PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
As comemorações da independência argelina, sóbrias e sem
desfiles ou grandes eventos festivos, foram marcadas por um sentimento de desilusão agravado
pelos atentados, segundo o analista político Yacine Smail.
"A promessa de pacificação
após a oferta de anistia [a guerrilheiros, em 1999" deu lugar à desilusão generalizada nos últimos
meses. As comemorações já vinham diminuindo a cada ano.
Mesmo agora, no 40º aniversário
da independência, prevalecem a
desilusão e o medo", diz Smail, 46.
Estima-se que ao menos 120 mil
pessoas tenham morrido desde
que a violência começou em 1992,
quando o governo, apoiado pelo
Exército, cancelou eleições para
impedir a vitória de um partido
islâmico.
As eleições legislativas eram lideradas por grupos islâmicos que
queriam instituir leis religiosas,
especialmente a FIS (Frente Islâmica de Salvação). A votação foi
anulada, e os partidos islâmicos,
proscritos. A legislação chegou a
ser modificada para favorecer os
laicos da FLN (Frente de Libertação Nacional), herdeira direta da
guerra de independência, entre
1954 e 1962. Naquele ano, um referendo aprovou a independência
por 6 milhões de votos contra 16
mil.
A independência foi proclamada em 3 de julho, mas se decidiu
celebrá-la em 5 de julho, o mesmo
dia em que Hussein, governante
de Argel, capitulou (em 1830)
diante dos franceses.
"Para os grupos extremistas
muçulmanos, a independência
ainda não foi totalmente atingida
por causa do que eles consideram
uma influência excessiva da Europa na sociedade e na administração locais", analisa Smail.
Em 1999, o presidente Abdelaziz
Boutefliqa ofereceu anistia a todos os guerrilheiros que não estivessem ligados a assassinatos,
atentados à bomba e estupros.
Segundo estatísticas oficiais,
cerca de 6.000 rebeldes aceitaram
a oferta, mas movimentos como o
Grupo Islâmico Armado (GIA) e
o Daawat al Jihad prometeram
continuar lutando. "Acreditava-se que o entorno de Argel estaria
seguro, mas eles continuam atacando o transporte público e aldeias isoladas", explica Smail.
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