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Crise nos EUA e divisão interna freiam economia
DA REDAÇÃO
"Má sorte" e excessiva dependência dos EUA no plano externo.
Falta de maioria e de competência
política no plano interno. Essas
são as explicações, a grosso modo,
para os resultados insatisfatórios
do governo Vicente Fox até agora.
Má sorte porque sua chegada ao
poder, em dezembro de 2000,
coincidiu com uma brusca desaceleração da economia dos EUA,
destino de cerca de 90% das exportações mexicanas. O PIB mexicano, que havia crescido 6,57%
em 2000, caiu 0,31% no ano seguinte e cresceu apenas 0,9% em
2002. Neste ano, crescerá no máximo 2,3%. Fox prometera 7%.
Além disso, o 11 de Setembro tirou o México do centro das prioridades externas do governo
George W. Bush, adiando a assinatura de um acordo migratório.
Sem contar com a "ajuda" dos
EUA, a economia mexicana ficou
dependente do mercado interno e
de seus próprios recursos. As reformas estruturais tornaram-se
fundamentais para dar ao governo maior capacidade de investir e
à economia mais dinamismo.
Logo no início, Fox propôs uma
reforma fiscal -o México possui
uma carga tributária equivalente
a cerca de 18% do PIB, metade da
brasileira. Minoritário no Congresso, o presidente não se mostrou um bom operador político
para negociar e aprovar o projeto.
Também não teve êxito em realizar as reformas trabalhista e do
setor elétrico. "Sem as reformas,
sobrou muito pouco para o governo realizar gastos sociais e investir", disse Lorenzo Meyer, 61,
professor de história política mexicana no Colégio do México.
Na macroeconomia, alguns indicadores vão bem. Tanto a inflação quanto a taxa de juros básica
estão na faixa dos 4% anuais. As
reservas estão acima dos US$ 55
bilhões, e o déficit fiscal, em 2003,
deverá ficar abaixo de 1%. Mas
crescem as pressões para que Fox
adote medidas não tão ortodoxas
para aquecer a economia.
De onde viriam os recursos? O
maior empresário do país, Carlos
Slim, sugeriu que parte das reservas em dólar seja usada em obras
de infra-estrutura e na construção
de moradias. Outros defendem
um pouco mais de inflação e de
déficit em prol de mais crescimento. Mas Fox tem repetido que
não ouvirá "o canto das sereias".
Segundo pesquisa realizada em
maio pela Consulta Mitofsky, a
população tem visões contraditórias. Por um lado, 63,5% aprovam
a maneira como Fox está governando, contra 33,7% que desaprovam. Em fevereiro de 2002
(após a recessão de 2001), a aprovação havia caído a 44,6% e a reprovação subido a 53,1%.
Por outro lado, 53,7% pensam
que Fox está perdendo as rédeas
do país, contra
35,1% que
acham o contrário. Quanto
à economia,
61,7% pensam
que está pior do
que há um ano;
34,7% acham que
esteja melhor.
Resta lembrar os
êxitos de Fox. Em primeiro lugar, ele protagonizou uma alternância de poder tranquila,
tanto do ponto de vista econômico quanto da violência
política, algo novo no país. E
aprovou uma lei de transparência
que exige que os gastos públicos
estejam à disposição na internet.
Finalmente, os mexicanos consideram que Fox melhorou a imagem externa do país. E aprovaram
sua decisão de não apoiar os EUA
na invasão do Iraque no Conselho
de Segurança da ONU.
(OD)
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