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11 de Setembro também destruiu acordo migratório
DO ENVIADO ESPECIAL A EL PASO
A intenção do presidente do
México, Vicente Fox, de obter um
acordo migratório com os EUA,
uma das bandeiras de sua campanha e, para ele, o tema prioritário
das relações de seu governo com o
de George W. Bush, tornou-se inviável após o 11 de Setembro.
"Indubitavelmente, Fox não pôde cumprir a promessa de fechar
um acordo migratório com os
EUA por causa dos atentados terroristas. Não se deve subestimar a
reação dos americanos após a
morte de cerca de 3.000 inocentes
em ataques cometidos por estrangeiros, muitos dos quais imigrantes ilegais", explicou à Folha Steven Barracca, professor na Universidade do Texas em El Paso.
"Após o choque provocado pelo
11 de Setembro, não havia clima
político para tornar frouxas as leis
de imigração ou mais fácil a passagem pela fronteira. Os planos
de Fox iam -e ainda vão- de
encontro às exigências da população americana, o que impediu o
cumprimento de sua promessa."
Em maio passado, o presidente
mexicano voltou à carga em uma
entrevista ao diário "The Washington Post", exortando Bush a
ampliar suas prioridades de segurança para poder incluir um pacto
migratório com os mexicanos.
Assim, de acordo com Fox, os
dois países não teriam de "enfrentar problemas como o de Victoria", aludindo à morte de 19 imigrantes ilegais, em sua maioria
mexicanos, na cidade texana,
ocorrida em meados de maio.
As autoridades mexicanas argumentam que o país contribui ativamente para a guerra ao terrorismo dos EUA, tendo até criado um
escritório especial para tanto, e
colabora na luta contra o narcotráfico e no controle da migração.
Nos últimos dez meses, 17 grupos de traficantes de migrantes
foram desbaratados no país, segundo José Campos Murillo, vice-presidente de um programa binacional sobre questões fronteiriças.
Ademais, trata-se de uma questão humanitária urgente: em
2002, 371 pessoas morreram ao
arriscar a travessia. Neste ano, o
número de mortos já chega a 89.
Apesar de a oposição do México
à Guerra do Iraque ter minado as
relações entre os dois países, ambos os governos estão otimistas
com as chances da retomada de
negociações sobre o tema. Todavia, como disse Barracca, Fox não
conseguirá que Bush "ceda muito
em sua determinação de restringir a entrada de imigrantes".
Para Fox, a questão não é só política. Afinal, em 2002, os mexicanos que vivem nos EUA enviaram
US$ 9,8 bilhões a seus familiares
no México -1,54% do PIB do
país. Em 2003, a soma poderá
chegar a US$ 10,5 bilhões.
(MSM)
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