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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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11 de Setembro também destruiu acordo migratório

DO ENVIADO ESPECIAL A EL PASO

A intenção do presidente do México, Vicente Fox, de obter um acordo migratório com os EUA, uma das bandeiras de sua campanha e, para ele, o tema prioritário das relações de seu governo com o de George W. Bush, tornou-se inviável após o 11 de Setembro.
"Indubitavelmente, Fox não pôde cumprir a promessa de fechar um acordo migratório com os EUA por causa dos atentados terroristas. Não se deve subestimar a reação dos americanos após a morte de cerca de 3.000 inocentes em ataques cometidos por estrangeiros, muitos dos quais imigrantes ilegais", explicou à Folha Steven Barracca, professor na Universidade do Texas em El Paso.
"Após o choque provocado pelo 11 de Setembro, não havia clima político para tornar frouxas as leis de imigração ou mais fácil a passagem pela fronteira. Os planos de Fox iam -e ainda vão- de encontro às exigências da população americana, o que impediu o cumprimento de sua promessa."
Em maio passado, o presidente mexicano voltou à carga em uma entrevista ao diário "The Washington Post", exortando Bush a ampliar suas prioridades de segurança para poder incluir um pacto migratório com os mexicanos.
Assim, de acordo com Fox, os dois países não teriam de "enfrentar problemas como o de Victoria", aludindo à morte de 19 imigrantes ilegais, em sua maioria mexicanos, na cidade texana, ocorrida em meados de maio.
As autoridades mexicanas argumentam que o país contribui ativamente para a guerra ao terrorismo dos EUA, tendo até criado um escritório especial para tanto, e colabora na luta contra o narcotráfico e no controle da migração.
Nos últimos dez meses, 17 grupos de traficantes de migrantes foram desbaratados no país, segundo José Campos Murillo, vice-presidente de um programa binacional sobre questões fronteiriças.
Ademais, trata-se de uma questão humanitária urgente: em 2002, 371 pessoas morreram ao arriscar a travessia. Neste ano, o número de mortos já chega a 89.
Apesar de a oposição do México à Guerra do Iraque ter minado as relações entre os dois países, ambos os governos estão otimistas com as chances da retomada de negociações sobre o tema. Todavia, como disse Barracca, Fox não conseguirá que Bush "ceda muito em sua determinação de restringir a entrada de imigrantes".
Para Fox, a questão não é só política. Afinal, em 2002, os mexicanos que vivem nos EUA enviaram US$ 9,8 bilhões a seus familiares no México -1,54% do PIB do país. Em 2003, a soma poderá chegar a US$ 10,5 bilhões. (MSM)


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