São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2010

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EUA e Israel tentam superar tensões

Premiê israelense realiza visita oficial a Washington disposto a recuperar a confiança do governo Barack Obama

Netanyahu deve levar à Casa Branca propostas para avançar o diálogo de paz com palestinos, paralisado meses atrás


ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e o presidente americano, Barack Obama, se reúnem na Casa Branca hoje em tentativa de apagar a imagem de fricção, mas com posições ainda conflitantes em um crescente número de temas.
Será o quinto encontro entre os líderes desde que chegaram ao poder. Netanyahu será recebido na Blair House, a casa oficial de hóspedes do governo, em vez de ficar em hotel, e haverá foto oficial.
São duas diferenças protocolares desde a última visita do premiê que mostram a vontade da Casa Branca de oferecer uma imagem de reconciliação.
Netanyahu embarcou ontem disposto a recuperar a confiança de Obama. Para isso, ele deverá apresentar ideias destinadas a acelerar o processo de paz com os palestinos. Sua margem de manobra, entretanto, é limitada pelas forças conservadoras que dominam o gabinete israelense.
O trabalhista Ehud Barak, ministro da Defesa, é uma voz minoritária a favor de um plano com um horizonte de solução, incluindo fronteiras definitivas que permitam a criação do Estado palestino.
Mais poderosos, os direitistas exigem que o governo mantenha a palavra de retomar a construção nos territórios ocupados em 26 de setembro próximo, quando termina a moratória imposta por pressão dos EUA.
Embora o histórico recente mostre dificuldades, os EUA minimizam o atrito. "De forma alguma percebemos um racha", insistiu Dan Shapiro, analista do governo para o Oriente Médio. "Ao contrário, vemos, assim como nossos amigos em Israel, uma relação forte e próxima."
Na última tentativa de encontro, Netanyahu cancelou devido ao ataque à frota que tentava furar o bloqueio a Gaza, no mês passado.
A reunião anterior, por sua vez, ocorreu em um período de crise, pouco após Israel anunciar novas construções em assentamentos em Jerusalém Oriental durante visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em março.

BLOQUEIO A GAZA
Num gesto cujo momento pareceu destinado a preparar o terreno para o encontro de hoje, Israel divulgou ontem a "lista negra" de produtos que não podem entrar na faixa de Gaza.
Além de armas e munição, a lista inclui materiais químicos que podem ser usados para a produção de explosivos. O anúncio, que na prática encerra o bloqueio à maioria dos produtos, foi elogiado pelos EUA e pela UE.
Na agenda do encontro de hoje estarão as negociações indiretas de palestinos e israelenses mediadas pelos EUA -e como transformá-las em conversas diretas.
Ontem, Ehud Barak reuniu-se em Jerusalém com o premiê palestino, Salam Fayad, no primeiro sinal de reaproximação em meses.


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