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EUA e Israel tentam superar tensões
Premiê israelense realiza visita oficial a Washington disposto a recuperar a confiança do governo Barack Obama
Netanyahu deve levar à Casa Branca propostas para avançar o diálogo de paz com palestinos, paralisado meses atrás
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e o presidente americano, Barack
Obama, se reúnem na Casa
Branca hoje em tentativa de
apagar a imagem de fricção,
mas com posições ainda conflitantes em um crescente número de temas.
Será o quinto encontro entre os líderes desde que chegaram ao poder. Netanyahu
será recebido na Blair House,
a casa oficial de hóspedes do
governo, em vez de ficar em
hotel, e haverá foto oficial.
São duas diferenças protocolares desde a última visita
do premiê que mostram a
vontade da Casa Branca de
oferecer uma imagem de reconciliação.
Netanyahu embarcou ontem disposto a recuperar a
confiança de Obama. Para isso, ele deverá apresentar
ideias destinadas a acelerar o
processo de paz com os palestinos. Sua margem de manobra, entretanto, é limitada
pelas forças conservadoras
que dominam o gabinete israelense.
O trabalhista Ehud Barak,
ministro da Defesa, é uma
voz minoritária a favor de um
plano com um horizonte de
solução, incluindo fronteiras
definitivas que permitam a
criação do Estado palestino.
Mais poderosos, os direitistas exigem que o governo
mantenha a palavra de retomar a construção nos territórios ocupados em 26 de setembro próximo, quando termina a moratória imposta
por pressão dos EUA.
Embora o histórico recente
mostre dificuldades, os EUA
minimizam o atrito. "De forma alguma percebemos um
racha", insistiu Dan Shapiro,
analista do governo para o
Oriente Médio. "Ao contrário, vemos, assim como nossos amigos em Israel, uma relação forte e próxima."
Na última tentativa de encontro, Netanyahu cancelou
devido ao ataque à frota que
tentava furar o bloqueio a Gaza, no mês passado.
A reunião anterior, por sua
vez, ocorreu em um período
de crise, pouco após Israel
anunciar novas construções
em assentamentos em Jerusalém Oriental durante visita
do vice-presidente dos EUA,
Joe Biden, em março.
BLOQUEIO A GAZA
Num gesto cujo momento
pareceu destinado a preparar o terreno para o encontro
de hoje, Israel divulgou ontem a "lista negra" de produtos que não podem entrar na
faixa de Gaza.
Além de armas e munição,
a lista inclui materiais químicos que podem ser usados
para a produção de explosivos. O anúncio, que na prática encerra o bloqueio à maioria dos produtos, foi elogiado
pelos EUA e pela UE.
Na agenda do encontro de
hoje estarão as negociações
indiretas de palestinos e israelenses mediadas pelos
EUA -e como transformá-las
em conversas diretas.
Ontem, Ehud Barak reuniu-se em Jerusalém com o
premiê palestino, Salam Fayad, no primeiro sinal de reaproximação em meses.
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