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Chávez agora diz que "pode esperar" por Mercosul
Venezuelano nega ter dado ultimato até setembro para que bloco aprove sua adesão
Declarações na TV ocorrem na véspera de viagem à América do Sul; embaixador diz que governo brasileiro fará "todos os esforços"
Miraflores/Efe
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Chávez saúda convidado cubano no programa "Alô Presidente" |
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Na véspera de iniciar uma
turnê pela América do Sul, o
presidente Hugo Chávez negou
que tenha dado um ultimato
aos Congressos brasileiro e paraguaio para entrar no Mercosul e disse que esperará "um
pouco mais" a aprovação do ingresso da Venezuela no bloco.
"Que ultimato vou dar ao
Congresso do Brasil ou ao do
Paraguai, que são entidades soberanas?", disse Chávez, durante o programa semanal "Alô
Presidente", que ontem contou
com a presença de vários embaixadores da região, entre os
quais o brasileiro, João Carlos
de Souza-Gomes.
Em 3 de julho, Chávez disse
que esperaria até setembro para que os Congressos do Brasil e
do Paraguai aprovassem a entrada no Mercosul, do contrário retiraria a solicitação. No
mesmo dia, chamou de "impertinente" a sugestão do chanceler Celso Amorim de que era
necessário um "gesto positivo"
do presidente venezuelano para o Congresso.
Ontem, Chávez disse que
"poderíamos esperar um pouco
mais" para a aprovação nos
dois países e que esse prazo era
para a própria Venezuela, e não
para os dois Parlamentos.
"É como tocar a porta de um
vizinho. Você vê que tem gente
dentro, a luz está acesa, tem um
ruído, e não lhe abrem", comparou Chávez. "Então chega
um momento em que você diz:
"essa gente não me quer", você
se retira, verdade?"
No final, Chávez cedeu a palavra aos embaixadores. O brasileiro Souza-Gomes prometeu
que "o Executivo brasileiro desenvolverá todos os esforços de
forma a atuar no Congresso em
favor do ingresso rápido da Venezuela ao Mercosul".
Colaboradora de Chávez na
campanha no referendo de
2004, a representante argentina em Caracas, Alicia Castro,
ressaltou que o Parlamento da
Argentina já aprovou a entrada
da Venezuela no Mercosul e
disse que "o processo revolucionário é um farol que inspira,
ilumina e que compromete os
revolucionários e revolucionárias do mundo inteiro".
A crise entre Chávez e o Congresso brasileiro começou no
início de junho, quando o Senado aprovou um requerimento
exortando Caracas a rever a decisão de não renovar a concessão do canal oposicionista
RCTV. Em resposta, o venezuelano chamou o Senado de "papagaio de Washington".
Hoje, Chávez inicia uma viagem por quatro países da região, incluindo Argentina e
Uruguai, os dois países do Mercosul cujos Parlamentos já
aprovaram a entrada da Venezuela no bloco. Ele visitará
também a Bolívia e o Equador.
O itinerário incluirá um encontro com os colegas Néstor
Kirchner e Evo Morales na Bolívia, onde deverão ser assinados acordos energéticos.
Iniciado por volta de 11h locais (1h a menos que Brasília), o
"Alô Presidente" de ontem,
gravado no Palácio Miraflores,
durou até 19h15, sem intervalo.
Segundo o próprio Chávez, que
falou a maior parte do tempo,
foi um recorde de duração.
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