São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Chávez agora diz que "pode esperar" por Mercosul

Venezuelano nega ter dado ultimato até setembro para que bloco aprove sua adesão

Declarações na TV ocorrem na véspera de viagem à América do Sul; embaixador diz que governo brasileiro fará "todos os esforços"

Miraflores/Efe
Chávez saúda convidado cubano no programa "Alô Presidente"


FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Na véspera de iniciar uma turnê pela América do Sul, o presidente Hugo Chávez negou que tenha dado um ultimato aos Congressos brasileiro e paraguaio para entrar no Mercosul e disse que esperará "um pouco mais" a aprovação do ingresso da Venezuela no bloco.
"Que ultimato vou dar ao Congresso do Brasil ou ao do Paraguai, que são entidades soberanas?", disse Chávez, durante o programa semanal "Alô Presidente", que ontem contou com a presença de vários embaixadores da região, entre os quais o brasileiro, João Carlos de Souza-Gomes.
Em 3 de julho, Chávez disse que esperaria até setembro para que os Congressos do Brasil e do Paraguai aprovassem a entrada no Mercosul, do contrário retiraria a solicitação. No mesmo dia, chamou de "impertinente" a sugestão do chanceler Celso Amorim de que era necessário um "gesto positivo" do presidente venezuelano para o Congresso.
Ontem, Chávez disse que "poderíamos esperar um pouco mais" para a aprovação nos dois países e que esse prazo era para a própria Venezuela, e não para os dois Parlamentos.
"É como tocar a porta de um vizinho. Você vê que tem gente dentro, a luz está acesa, tem um ruído, e não lhe abrem", comparou Chávez. "Então chega um momento em que você diz: "essa gente não me quer", você se retira, verdade?"
No final, Chávez cedeu a palavra aos embaixadores. O brasileiro Souza-Gomes prometeu que "o Executivo brasileiro desenvolverá todos os esforços de forma a atuar no Congresso em favor do ingresso rápido da Venezuela ao Mercosul".
Colaboradora de Chávez na campanha no referendo de 2004, a representante argentina em Caracas, Alicia Castro, ressaltou que o Parlamento da Argentina já aprovou a entrada da Venezuela no Mercosul e disse que "o processo revolucionário é um farol que inspira, ilumina e que compromete os revolucionários e revolucionárias do mundo inteiro".
A crise entre Chávez e o Congresso brasileiro começou no início de junho, quando o Senado aprovou um requerimento exortando Caracas a rever a decisão de não renovar a concessão do canal oposicionista RCTV. Em resposta, o venezuelano chamou o Senado de "papagaio de Washington".
Hoje, Chávez inicia uma viagem por quatro países da região, incluindo Argentina e Uruguai, os dois países do Mercosul cujos Parlamentos já aprovaram a entrada da Venezuela no bloco. Ele visitará também a Bolívia e o Equador.
O itinerário incluirá um encontro com os colegas Néstor Kirchner e Evo Morales na Bolívia, onde deverão ser assinados acordos energéticos.
Iniciado por volta de 11h locais (1h a menos que Brasília), o "Alô Presidente" de ontem, gravado no Palácio Miraflores, durou até 19h15, sem intervalo. Segundo o próprio Chávez, que falou a maior parte do tempo, foi um recorde de duração.


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