São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Irã é "solução" para o Afeganistão, diz Karzai

Líder deu declaração antes de viajar aos EUA, que acusam Teerã de apoiar o terror

Robert Gates, secretário da Defesa dos EUA, rebate presidente afegão e diz que Irã faz "jogo duplo" e "age para ajudar os talebans"

DA REDAÇÃO

O presidente afegão, Hamid Karzai, que iniciou ontem uma visita de dois dias aos EUA, afirmou que o Irã representa "uma ajuda e uma solução" para seu país, e não uma ameaça -que é como o governo de George W. Bush qualifica Teerã.
Na entrevista, concedida no sábado e levada ao ar ontem pela rede CNN, Karzai -que deveria se encontrar com Bush em Camp David, ontem- também afirma que o Afeganistão tem "relações muito boas, muito estreitas" com o Irã.
Acrescentou que ele "apóia nosso processo de paz e nossa luta contra o terrorismo e o tráfico de drogas".
As declarações de Karzai divergem frontalmente da linha adotada pelo governo dos EUA, que acusa Teerã de financiar o terrorismo, de armar os insurgentes no Iraque e no Afeganistão e de buscar meios para fabricar uma bomba atômica.
"O Irã faz jogo duplo nas ruas do Afeganistão", rebateu na própria CNN o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates.
"Acho que eles agem para ajudar o governo afegão. Acho que agem para ajudar os talebans, incluindo o fornecimento de armas", completou Gates.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, também afirmou ontem que o Irã representa uma ameaça para o conjunto da região.
"Não creio que alguém possa duvidar do fato de que o Irã constitui um desafio maior em matéria de segurança para nossos amigos, nossos aliados e para nossos interesses na região do golfo [Pérsico]", declarou Rice à rede CBS.
Os EUA haviam anunciado na semana passada um projeto de vendas de armas à Arábia Saudita, especificamente para confrontar o governo iraniano.
Quanto à captura de Osama bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda, Karzai afirmou que "não estamos nem mais perto nem mais distantes disso. Estamos hoje onde estávamos alguns anos atrás".

Violência e pobreza
A visita de Karzai aos EUA ocorre num momento em que o Afeganistão vive sérios problemas internos, como assassinato de civis e o aumento da violência e da produção de ópio. Todos esse itens serão debatidos no encontro com Bush.
"Karzai quer estreitar os laços com Washington", disse Teresita Schaffer, uma ex-alta funcionária do Departamento de Estado para o sul da Ásia.
"Eu acho que o governo dos EUA quer muito criar um sentido mais forte sobre como desenvolver uma estratégia política comum", concluiu.
O Afeganistão é hoje dominado pela pobreza e pelo desrespeito às leis, especialmente no sul do país. "Nos últimos dois anos, a situação da segurança no Afeganistão sem dúvida se deteriorou", afirmou Karzai.
Os dois líderes também tratarão da relação tensa entre Afeganistão e Paquistão.


Com agências internacionais


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