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Irã é "solução" para o Afeganistão, diz Karzai
Líder deu declaração antes de viajar aos EUA, que acusam Teerã de apoiar o terror
Robert Gates, secretário da Defesa dos EUA, rebate presidente afegão e diz que Irã faz "jogo duplo" e "age para ajudar os talebans"
DA REDAÇÃO
O presidente afegão, Hamid
Karzai, que iniciou ontem uma
visita de dois dias aos EUA, afirmou que o Irã representa "uma
ajuda e uma solução" para seu
país, e não uma ameaça -que é
como o governo de George W.
Bush qualifica Teerã.
Na entrevista, concedida no
sábado e levada ao ar ontem pela rede CNN, Karzai -que deveria se encontrar com Bush
em Camp David, ontem- também afirma que o Afeganistão
tem "relações muito boas, muito estreitas" com o Irã.
Acrescentou que ele "apóia
nosso processo de paz e nossa
luta contra o terrorismo e o tráfico de drogas".
As declarações de Karzai divergem frontalmente da linha
adotada pelo governo dos EUA,
que acusa Teerã de financiar o
terrorismo, de armar os insurgentes no Iraque e no Afeganistão e de buscar meios para fabricar uma bomba atômica.
"O Irã faz jogo duplo nas ruas
do Afeganistão", rebateu na
própria CNN o secretário da
Defesa dos EUA, Robert Gates.
"Acho que eles agem para
ajudar o governo afegão. Acho
que agem para ajudar os talebans, incluindo o fornecimento
de armas", completou Gates.
A secretária de Estado dos
EUA, Condoleezza Rice, também afirmou ontem que o Irã
representa uma ameaça para o
conjunto da região.
"Não creio que alguém possa
duvidar do fato de que o Irã
constitui um desafio maior em
matéria de segurança para nossos amigos, nossos aliados e para nossos interesses na região
do golfo [Pérsico]", declarou
Rice à rede CBS.
Os EUA haviam anunciado
na semana passada um projeto
de vendas de armas à Arábia
Saudita, especificamente para
confrontar o governo iraniano.
Quanto à captura de Osama
bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda, Karzai afirmou
que "não estamos nem mais
perto nem mais distantes disso.
Estamos hoje onde estávamos
alguns anos atrás".
Violência e pobreza
A visita de Karzai aos EUA
ocorre num momento em que o
Afeganistão vive sérios problemas internos, como assassinato de civis e o aumento da violência e da produção de ópio.
Todos esse itens serão debatidos no encontro com Bush.
"Karzai quer estreitar os laços com Washington", disse
Teresita Schaffer, uma ex-alta
funcionária do Departamento
de Estado para o sul da Ásia.
"Eu acho que o governo dos
EUA quer muito criar um sentido mais forte sobre como desenvolver uma estratégia política comum", concluiu.
O Afeganistão é hoje dominado pela pobreza e pelo desrespeito às leis, especialmente no
sul do país. "Nos últimos dois
anos, a situação da segurança
no Afeganistão sem dúvida se
deteriorou", afirmou Karzai.
Os dois líderes também tratarão da relação tensa entre
Afeganistão e Paquistão.
Com agências internacionais
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