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Protesto impede visita de Chávez à Bolívia
Manifestantes anti-Morales invadiram aeroporto de Tarija, onde venezuelano desembarcaria com Cristina Kirchner
Às vésperas de referendo, boliviano enfrenta onda de protestos; em um deles, dois mineiros foram mortos em confronto com a polícia
DA REDAÇÃO
Os presidentes da Venezuela,
Hugo Chávez, e da Argentina,
Cristina Kirchner, cancelaram
uma visita que fariam ontem ao
colega da Bolívia, Evo Morales,
na capital do departamento de
Tarija, no sul do país, depois
que dezenas de oposicionistas
invadiram o aeroporto da cidade e entraram em confronto
com a polícia, que os dispersou
com gás lacrimogêneo. Segundo a agência France Presse,
duas pessoas ficaram feridas.
Morales disse ter suspendido
a visita para "não cair na provocação dos oposicionistas". Já
Chávez culpou os EUA pelas
manifestações. Os três presidentes anunciariam medidas
na área energética.
O cancelamento foi um duro
revés para Morales, uma vez
que o encontro com os aliados,
em um dos principais encraves
oposicionistas da Bolívia, foi
programado para respaldar o
presidente às vésperas do referendo revogatório marcado para domingo, em meio a uma onda de protestos em vários locais
do país promovidos até por setores ligados ao governo.
Foi uma demonstração de
força de grupos opositores, que
têm imposto limites à movimentação do presidente dentro
do país. Morales cancelou a
participação que teria hoje na
tradicional cerimônia pela independência do país na oposicionista Sucre, região central.
Em Tarija, a manifestação
contra Morales foi convocada
pelo Comitê Cívico local -as
entidades que reúnem nas regiões a elite política e econômica. Segundo relato de rádios locais, dezenas de pessoas tentaram invadiram o aeroporto.
Um grupo também invadiu o
Hotel del Sol em busca de integrantes da comitiva de Chávez.
Segundo um funcionário do hotel, que disse não ter autorização para identificar-se à Folha,
os opositores chegaram a
ameaçar um grupo de seis hóspedes venezuelanos. Os invasores não causaram danos materiais e deixaram o hotel antes
de a polícia chegar.
Três mineiros mortos
No episódio mais violento do
dia, dois mineiros morreram,
feridos a bala, e ao menos 33
pessoas ficaram feridas em um
embate com a polícia que tentava desbloquear em Oruro, no
oeste, a principal estrada boliviana, a que liga as cidades de
La Paz, Cochabamba e Santa
Cruz. Os mineiros tentaram
implodir uma ponte.
Segundo o governo, a polícia
não usou armas de fogo na
ação. De acordo com rádios locais, o conflito continuava ontem à noite.
Os mineiros, a maioria da mina de Huanuni, a maior de estanho da Bolívia, exigem que o
governo aceite a proposta da
COB (Central Operária Boliviana) para reformar a Previdência. Morales diz que o projeto
não é sustentável.
"Não sejam instrumentos da
direita", pediu o presidente aos
manifestantes, de mineiros a
professores e deficientes -os
últimos protestam na capital
para pedir um benefício.
Com agências internacionais
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