São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008

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Protesto impede visita de Chávez à Bolívia

Manifestantes anti-Morales invadiram aeroporto de Tarija, onde venezuelano desembarcaria com Cristina Kirchner

Às vésperas de referendo, boliviano enfrenta onda de protestos; em um deles, dois mineiros foram mortos em confronto com a polícia

DA REDAÇÃO

Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Cristina Kirchner, cancelaram uma visita que fariam ontem ao colega da Bolívia, Evo Morales, na capital do departamento de Tarija, no sul do país, depois que dezenas de oposicionistas invadiram o aeroporto da cidade e entraram em confronto com a polícia, que os dispersou com gás lacrimogêneo. Segundo a agência France Presse, duas pessoas ficaram feridas.
Morales disse ter suspendido a visita para "não cair na provocação dos oposicionistas". Já Chávez culpou os EUA pelas manifestações. Os três presidentes anunciariam medidas na área energética.
O cancelamento foi um duro revés para Morales, uma vez que o encontro com os aliados, em um dos principais encraves oposicionistas da Bolívia, foi programado para respaldar o presidente às vésperas do referendo revogatório marcado para domingo, em meio a uma onda de protestos em vários locais do país promovidos até por setores ligados ao governo.
Foi uma demonstração de força de grupos opositores, que têm imposto limites à movimentação do presidente dentro do país. Morales cancelou a participação que teria hoje na tradicional cerimônia pela independência do país na oposicionista Sucre, região central.
Em Tarija, a manifestação contra Morales foi convocada pelo Comitê Cívico local -as entidades que reúnem nas regiões a elite política e econômica. Segundo relato de rádios locais, dezenas de pessoas tentaram invadiram o aeroporto.
Um grupo também invadiu o Hotel del Sol em busca de integrantes da comitiva de Chávez. Segundo um funcionário do hotel, que disse não ter autorização para identificar-se à Folha, os opositores chegaram a ameaçar um grupo de seis hóspedes venezuelanos. Os invasores não causaram danos materiais e deixaram o hotel antes de a polícia chegar.

Três mineiros mortos
No episódio mais violento do dia, dois mineiros morreram, feridos a bala, e ao menos 33 pessoas ficaram feridas em um embate com a polícia que tentava desbloquear em Oruro, no oeste, a principal estrada boliviana, a que liga as cidades de La Paz, Cochabamba e Santa Cruz. Os mineiros tentaram implodir uma ponte.
Segundo o governo, a polícia não usou armas de fogo na ação. De acordo com rádios locais, o conflito continuava ontem à noite.
Os mineiros, a maioria da mina de Huanuni, a maior de estanho da Bolívia, exigem que o governo aceite a proposta da COB (Central Operária Boliviana) para reformar a Previdência. Morales diz que o projeto não é sustentável.
"Não sejam instrumentos da direita", pediu o presidente aos manifestantes, de mineiros a professores e deficientes -os últimos protestam na capital para pedir um benefício.


Com agências internacionais


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