São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008

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Caem novas filiações ao Partido Republicano

DO "NEW YORK TIMES"

Bem antes de Barack Obama e John McCain se candidatarem, uma mudança estava em curso nos EUA. Desde 2005, o total de eleitores que se cadastram pelo Partido Republicano vem caindo, ao passo em que aumenta o dos que se registram democratas e, em número quase igual, o dos que o fazem sem se filiar a nenhum partido.
Embora as implicações das mudanças ainda não sejam claras, especialistas vêem o possível início de uma fase de afastamento dos eleitores do Partido Republicano, o que afetaria a política local, estadual e nacional por vários ciclos eleitorais.
Em Estados como Nevada e Iowa, tradicionalmente disputados pelos dois partidos, os democratas têm surpreendido ao superarem os republicanos em filiação desde 2004. Nesse mesmo período, nenhum Estado passou de maioria democrata para republicana, segundo dados de 26 dos 29 Estados em que os eleitores se cadastram por partido (três deles não tinham informações completas).
Em seis, a fatia democrata de eleitores cadastrados cresceu em mais de três pontos percentuais, enquanto a dos republicanos encolheu. Em apenas três, o cadastramento de republicanos aumentou enquanto o de eleitores democratas diminuiu, e só em Louisiana o ganho superou um ponto percentual.

Independentes
Nesse mesmo período, a parcela do eleitorado que se cadastra como independente cresceu mais que a dos republicanos ou democratas em 12 Estados. Em lugares como Arizona, Carolina do Norte e Colorado, os eleitores sem filiação já quase equivalem a um terceiro partido.
Variações no registro de eleitores não são incomuns de um ano para outro. Mas o abandono prolongado de um partido -a tendência atual já está no quarto ano- é raro.
E, embora não haja dados comparáveis para os 21 Estados onde não há registro por partido, os resultados de eleições locais recentes mostram que cada vez mais eleitores se afastam do Partido Republicano.
"Isso é muito sugestivo de uma mudança fundamental no eleitorado", disse Michael P. McDonald, estudioso de padrões eleitorais da Brookings Institution e da Universidade George Mason. Para ele, o mais típico é que os padrões de registro de eleitores e de voto se nivelem ou mesmo se invertam entre uma eleição e outra.
Para Dick Armey, ex-líder republicano na Câmara, apesar das perdas locais, é difícil interpretar os sinais para a eleição presidencial. "Nesta eleição, a chave estará nos novos eleitores independentes", disse.
"Agora há um sujeito no oeste da Pensilvânia dizendo "estou farto e não vou mais me registrar republicano, mas também não quero eleger Obama"."
Além da insatisfação com o governo Bush, a oposição democrata se beneficiou de mudanças demográficas, como o aumento dos eleitores jovens e a urbanização dos subúrbios, e também do fato de passar a ter candidatos mais pragmáticos.
Dos 26 Estados com dados de registro eleitoral, a parcela democrata cresceu em 15 e caiu em 11 desde 2004, contra respectivamente seis e 20 para os republicanos. No total desse contingente, há hoje 1.407.971 eleitores republicanos a menos e 214.656 democratas a mais.


Tradução de CLARA ALLAIN


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