São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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TERROR

Em ações atribuídas à Al Qaeda, explosão atinge o centro de Cabul e, pouco depois, o presidente escapa de ataque a tiros

Karzai sofre atentado; bomba mata 15

Ed Wray/Associated Press
Soldados movem o corpo de homem que atirou em Karzai (no destaque) ontem em Candahar


DA REDAÇÃO

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, saiu ileso de uma tentativa de assassinato ontem em Candahar (sul do país), poucas horas após a explosão de um carro-bomba no centro da capital, Cabul, que matou ao menos 15 pessoas. A polícia acusou pelos ataques a rede terrorista Al Qaeda, liderada por Osama bin Laden, que admitiu em vídeo participação nos atentados de 11 de setembro do ano passado nos EUA.
Segundo a polícia, um homem vestido como militar abriu fogo contra Karzai quando ele passava em um comboio de veículos, com seus guarda-costas americanos, perto da residência do governador de Candahar, Gul Agha Sherzai, que foi levemente ferido.
Em Washington, funcionários dos serviços de segurança disseram que as forças especiais americanas que acompanham Karzai atiraram e mataram o agressor. Segundo informações iniciais, um soldado americano ficou ferido.
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse estar aliviado pelo fato de Karzai ter escapado do atentado. "O presidente foi informado e expressou seu alívio pelo fato de o presidente Karzai não ter se ferido", disse a porta-voz da Casa Branca Claire Buchan.
O chefe da polícia de Cabul, Basir Salangi, disse que 15 pessoas foram mortas e mais de 20 ficaram feridas após a explosão de um táxi perto do Ministério da Informação e Comunicação. A TV estatal de Cabul posteriormente disse que os mortos poderiam chegar a 25, e os feridos, a 150.
A polícia disse que a explosão foi precedida por uma outra menor em uma bicicleta, aparentemente para fazer as pessoas se aglomerarem nas proximidades e aumentar o número de vítimas.
Os ataques de ontem aumentam as dúvidas sobre a capacidade do governo de Karzai, apoiado pelos EUA, de conseguir trazer de volta a estabilidade ao país, devastado após 23 anos de guerra civil e disputas étnicas.
O ministro das Relações Exteriores do Afeganistão, Abdullah Abdullah, afirmou em Cabul que duas balas penetraram o veículo no qual Karzai estava em Candahar. "Foi certamente um atentado contra a vida do presidente", disse. Segundo Abdullah, havia apenas um agressor, que foi morto em troca de tiros com os guarda-costas de Karzai.
O ministro disse que 24 soldados americanos acompanham o presidente. Segundo Abdullah, Karzai estava ontem em Candahar para a celebração do casamento de seu irmão.
"A Al Qaeda ou elementos do grupo estão por trás disso", disse ele. "Isso é para desestabilizar a situação no Afeganistão. É mais uma evidência de que a guerra contra o terror no Afeganistão está longe de terminar."
Karzai dispensou seus guarda-costas afegãos e passou a ser acompanhado por soldados dos EUA em julho, após o assassinato do vice-presidente, Abdul Qadir. Ele foi o segundo membro do governo a ser morto desde a posse de Karzai, em dezembro.
Poucos dias depois do assassinato e da troca dos guarda-costas, a polícia disse ter abortado um atentado ao apreender um carro-bomba que, segundo eles, poderia ter sido usado em um ataque à Embaixada dos EUA ou a Karzai.
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, se disse chocado com os ataques de ontem. O porta-voz da ONU Fred Eckhard disse que Annan "condena esses atos da forma mais forte possível e pede às autoridades afegãs uma completa investigação para levar seus autores à Justiça".
"O secretário-geral observa que os ataques aconteceram em um clima de constante insegurança no Afeganistão", disse Eckhard. "Mas ele confia que esses ataques sem sentido só fortalecerão a determinação da comunidade internacional e legitimarão as autoridades afegãs para trazer segurança e estabilidade ao país."

Com agências internacionais

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