São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Secretário-geral da Liga Árabe também exortou Bagdá a permitir a volta dos inspetores da ONU

Ataque abre portas do inferno, dizem árabes

DA REDAÇÃO

O secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Amr Moussa, disse ontem que uma ação militar contra o Iraque "abriria as portas do inferno" no Oriente Médio e exortou Bagdá a permitir que os inspetores da ONU retornem ao Iraque para buscar e destruir armas de destruição em massa.
"Continuamos a trabalhar para evitar a guerra ou qualquer tipo de ação militar porque nós acreditamos que isso vai abrir as portas do inferno no Oriente Médio", declarou Moussa.
Ao final de uma reunião de dois dias de chanceleres árabes, Moussa disse: "Reiteramos a importância da total implementação das resoluções do Conselho de Segurança [da ONU". Somos a favor do retorno dos inspetores dentro de um acordo, de um entendimento entre o governo do Iraque e o secretário-geral das Nações Unidas".
Segundo Moussa, os Estados árabes tentam obter uma solução diplomática para a crise e tentam ajudar a reunir autoridades iraquianas e membros das Nações Unidas. Ele reclamou, porém, do que descreveu como o "fracasso dos EUA" em fazer com que Israel implemente as resoluções da ONU relativas à ocupação do território palestino. "Por que deveríamos insistir apenas na implementação das resoluções do Conselho de Segurança por parte do Iraque? E Israel?", disse.
Além do Iraque, o conflito israelo-palestino integrou a agenda da reunião da Liga Árabe, formada por 22 membros.
O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter também se declarou contrário a "uma guerra unilateral" contra o Iraque porque, segundo ele, o país não representa um perigo para os EUA.
Em artigo publicado no diário "The Washington Post", Carter disse: "Não podemos ignorar o desenvolvimento de armas químicas, biológicas ou nucleares, mas uma guerra unilateral contra o Iraque não é a resposta" porque "Bagdá não representa atualmente um perigo para os EUA".
O presidente George W. Bush disse ontem que a história "nos exorta à ação no Iraque".
"Não podemos permitir que os piores líderes do mundo chantageiem, ameacem, sequestrem nações que amam a liberdade com as piores armas do mundo", disse.
Bush afirma que é preciso derrubar o ditador Saddam Hussein, acusado de desenvolver armas de destruição em massa. O Iraque nega a acusação.
Em Washington, alguns senadores disseram que a Casa Branca ainda precisa convencê-los da necessidade do ataque. "Temos o dever de fazer perguntas porque estamos vivendo uma época perigosa e os tambores da guerra estão tocando à nossa volta... Onde estão as provas?", disse o senador democrata Robert Byrd.
A Casa Branca afirmou que tem provas suficientes para justificar a necessidade de derrubar Saddam. Bush deve falar, a partir de hoje, com membros do Conselho de Segurança para defender uma operação militar contra o Iraque.
"O presidente crê que as provas que nós temos parecem suficientes para reivindicar uma mudança de regime" no Iraque, afirmou Ari Fleischer, porta-voz de Bush.
Segundo Fleischer, o governo não descarta apresentar as provas. Ele não deu mais detalhes.

Concentração
O Exército dos EUA aumentou a presença de forças em uma base no Kuait, perto da fronteira iraquiana, informaram autoridades militares ontem.
Sob anonimato, um membro da Otan afirmou que a aliança militar ocidental, liderada pelos EUA, não deve participar de um eventual ataque ao Iraque porque ações preventivas não fariam parte da doutrina da Otan.


Com agências internacionais


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