São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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Capital vive 5 semanas de caos com protestos

DA REPORTAGEM LOCAL

Com 22 milhões de habitantes em sua região metropolitana, a confusa Cidade do México vive um caos adicional pelos protestos da esquerda contra o resultado eleitoral. Desde 30 de julho, o derrotado López Obrador conclamou seus militantes a bloquear a principal avenida da capital mexicana.
O Paseo de la Reforma, avenida criada no século 19 sob inspiração da Campos Elíseos de Paris, tem quase 10 quilômetros bloqueados por militantes acampados em barracas.
O mesmo acontece no Zócalo, a maior praça da cidade, onde estão a Catedral, a prefeitura e o antigo Palácio Presidencial, onde o próprio Obrador passa boa parte de suas noites.
López Obrador acusa fraude generalizada na eleição de 2 de julho e intromissão do governo nacional na campanha.
Algo que não é exclusividade da direita. A prefeitura da Cidade do México, nas mãos da esquerda, está coberta com uma enorme faixa amarela, pedindo a recontagem "voto por voto, urna por urna", como se fosse um comitê de campanha de Obrador. A prefeitura também não tentou disciplinar o protesto para melhorar o trânsito.
Como boa parte dos maiores hotéis de cinco estrelas da cidade fica no próprio Paseo de la Reforma, diversos seminários e congressos foram cancelados nas últimas semanas.
A Bolsa de Valores da capital, os maiores bancos e a Embaixada americana no México também ficam na avenida. Restaurantes e cinemas de bairros vizinhos, como a Zona Rosa e Roma estão vazios.
Na semana passada, uma apresentação do musical "O Beijo da Mulher Aranha" começou com uma hora de atraso - algo comum nas últimas semanas, pois quase ninguém consegue chegar a tempo.
O Centro Histórico ainda é o mais prejudicado. Boa parte de suas ruas e praças está bloqueada. O bairro é a principal área turística da cidade, onde estão ruínas de pirâmides e dezenas de igrejas e palácios coloniais, Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Confronto com Exército
López Obrador disse na semana passada que não reconheceria uma decisão judicial que declarasse vitória de Calderón. Ele convocou uma assembléia para o dia 16 em que vai sugerir a criação de um governo paralelo e de uma nova Constituição. "Temos que refundar a república", afirmou.
Há temores de confronto. No mesmo dia 16, dia em que se comemora a Independência do México, há uma tradicional parada militar no Paseo de la Reforma e um ato público do presidente no antigo Palácio Presidencial, no Zócalo. Obrador avisou que os manifestantes não abandonarão suas tendas para o Exército.
As últimas pesquisas dizem que 65% dos mexicanos acham que Calderón venceu a eleição. 30% acham que houve fraude. (RJL)


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