São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2010

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Após protestos, ONU vê risco de crise alimentar

Órgão fará reunião emergencial; violência matou 10 em Moçambique

Alta no trigo, causada por seca na Rússia, pode levar a situação como a de 2008, com violência em diversos países

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O atual aumento dos preços do trigo e do milho, que vem gerando protestos sangrentos em Moçambique e ameaça causar violência em outros países, levou a ONU a convocar uma reunião extraordinária para evitar uma nova crise alimentar global como a de 2008.
O encontro de técnicos e diplomatas, previsto para o próximo dia 24 em Roma, na sede da FAO (braço da ONU para alimentos e agricultura), foi marcado após surgirem sinais alarmantes de queda da oferta mundial.
O mercado se retraiu depois que a Rússia, terceiro maior exportador de trigo, sofreu nos últimos meses uma seca e incêndios que devastaram muitas plantações.
O governo russo anunciou na semana passada o prolongamento até 2011 de uma medida que proíbe produtores nacionais de exportar trigo. O objetivo é usar toda a produção local para atender o mercado doméstico.
A medida joga a pressão da demanda global sobre outros grandes exportadores, como EUA, onde o preço do trigo já aumentou 25%.
Alguns analistas sustentam que não há razão para pânico. Eles alegam que o cenário mudou muito desde a última crise alimentar, já que os níveis de produção e estoques de cereais ainda estão em níveis seguros.
E os preços, embora em alta, estão longe dos níveis de 2008, quando a crise alimentar derrubou dois governos -Haiti e Madagascar.
Mas a ONU teme que o aumento dos preços se acentue, já que outros países exportadores, como Austrália e Alemanha, também sofreram períodos de seca. Já na Alemanha, a produção foi afetada pelas chuvas.
A retração do mercado de trigo já causou alta de 30% no preço do pão em Moçambique, um dos países mais pobres do mundo. Protestos contra o governo foram reprimidos à bala, deixando dez mortos, entre eles duas crianças, desde quarta passada.
A situação é desesperadora no Paquistão, onde o preço dos cereais aumentou 15% depois que enchentes arrasaram um quinto dos plantios.
Há sinais de revolta popular na Sérvia e no Egito, um dos maiores importadores mundiais de trigo.


Com "Financial Times"


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