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Após protestos, ONU vê risco de crise alimentar
Órgão fará reunião emergencial; violência matou 10 em Moçambique
Alta no trigo, causada por seca na Rússia, pode levar a situação como a de 2008, com violência em diversos países
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O atual aumento dos preços do trigo e do milho, que
vem gerando protestos sangrentos em Moçambique e
ameaça causar violência em
outros países, levou a ONU a
convocar uma reunião extraordinária para evitar uma
nova crise alimentar global
como a de 2008.
O encontro de técnicos e
diplomatas, previsto para o
próximo dia 24 em Roma, na
sede da FAO (braço da ONU
para alimentos e agricultura), foi marcado após surgirem sinais alarmantes de
queda da oferta mundial.
O mercado se retraiu depois que a Rússia, terceiro
maior exportador de trigo,
sofreu nos últimos meses
uma seca e incêndios que devastaram muitas plantações.
O governo russo anunciou
na semana passada o prolongamento até 2011 de uma medida que proíbe produtores
nacionais de exportar trigo.
O objetivo é usar toda a produção local para atender o
mercado doméstico.
A medida joga a pressão
da demanda global sobre outros grandes exportadores,
como EUA, onde o preço do
trigo já aumentou 25%.
Alguns analistas sustentam que não há razão para
pânico. Eles alegam que o cenário mudou muito desde a
última crise alimentar, já que
os níveis de produção e estoques de cereais ainda estão
em níveis seguros.
E os preços, embora em alta, estão longe dos níveis de
2008, quando a crise alimentar derrubou dois governos
-Haiti e Madagascar.
Mas a ONU teme que o aumento dos preços se acentue,
já que outros países exportadores, como Austrália e Alemanha, também sofreram
períodos de seca. Já na Alemanha, a produção foi afetada pelas chuvas.
A retração do mercado de
trigo já causou alta de 30%
no preço do pão em Moçambique, um dos países mais
pobres do mundo. Protestos
contra o governo foram reprimidos à bala, deixando dez
mortos, entre eles duas crianças, desde quarta passada.
A situação é desesperadora no Paquistão, onde o preço dos cereais aumentou 15%
depois que enchentes arrasaram um quinto dos plantios.
Há sinais de revolta popular na Sérvia e no Egito, um
dos maiores importadores
mundiais de trigo.
Com "Financial Times"
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