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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Alvo era base terrorista, dizem israelenses, mas sírios afirmam que local tinha fins civis; EUA evitam críticas

Após 30 anos, Israel volta a atacar a Síria

Reuters/Reprodução de TV
Imagens divulgadas por Israel, de data desconhecida, mostram base atacada próxima a Damasco


DA REDAÇÃO

Caças israelenses bombardearam ontem uma suposta base de treinamento de grupos terroristas palestinos na Síria. Os sírios dizem que o alvo era civil. Duas pessoas ficaram feridas, segundo testemunhas, mas a informação não foi confirmada.
O ataque aéreo foi o primeiro de Israel contra o território sírio em 30 anos. A última vez que os israelenses haviam atacado a Síria foi em 1973, na Guerra do Yom Kippur, em resposta ao ataque surpresa de sírios e egípcios na véspera do dia judaico do perdão.
A ação de ontem ocorreu pouco antes do início do Yom Kippur. Desta vez, Israel não agiu em resposta a um ataque sírio.
O governo israelense afirmou que o bombardeio de ontem foi uma retaliação ao atentado terrorista cometido anteontem pelo grupo terrorista palestino Jihad Islâmico contra um restaurante em Haifa, no norte de Israel, que matou ao menos 19 pessoas.
A Síria levou o caso para o Conselho de Segurança da ONU. Mas o país não deu sinais de que vai responder ao ataque de Israel.
Caças israelenses levantaram vôo ao redor das 4h da manhã de ontem de uma base cuja localização não foi informada por Israel. Minutos depois, a base de Ain Saheb foi atingida. O local, segundo Israel, era utilizado pelo Jihad Islâmico para treinar terroristas.
Palestinos dizem que a base seria do grupo terrorista Frente Popular pela Libertação pela Palestina. O governo da Síria impediu a entrada de jornalistas no local.
O bombardeio de ontem, afirma o governo israelense, não significa que o país esteja disposto a entrar em guerra contra Damasco. Mas serve para advertir a Síria de que terroristas não devem mais operar a partir do território sírio. Caso contrário, novos ataques poderão ocorrer.
"Nós não atacamos alvos sírios, mas um campo especificamente usado por terroristas", disse Raanan Gissin, assessor do premiê israelense, Ariel Sharon.
Israel e Síria estão tecnicamente em guerra. Os israelenses ocupam as colinas do Golã, que são um território sírio, alegando questões de segurança. E acusam a Síria de dar apoio a terroristas palestinos e ao grupo extremista islâmico libanês Hizbollah. Damasco somente aceita assinar um acordo de paz com os israelenses após a devolução das colinas do Golã. Neste ano, Israel quase atacou a Síria. Caças israelenses sobrevoaram a casa de veraneio do ditador sírio, Bashar al Assad, em Lataquia.
A ação de ontem abre uma nova frente de Israel para tentar combater o terrorismo. O país já ocupou as principais cidades da Cisjordânia e tem realizado uma série de ataques contra lideranças dos grupos terroristas.
Além disso, Israel está erguendo uma barreira separando o país da Cisjordânia, para tentar impedir a entrada de terroristas palestinos.
Em comunicado, o Hamas disse que se vingará do ataque de ontem contra a Síria.

EUA
O presidente do EUA, George W. Bush, telefonou para Sharon e pediu que Israel evite ataques que possam agravar a situação no Oriente Médio. Porém o tom da conversa não foi crítico. Segundo Ken Lisaius, porta-voz da Casa Branca, "Bush e Sharon concordaram em que é preciso continuar a luta contra o terrorismo".
O Departamento de Estado informou ontem que a Síria apóia o terrorismo. O governo Bush tem acusado Damasco de estar tentando adquirir ou desenvolver armas de destruição em massa. O país chegou a ser cotado como provável alvo de uma ofensiva militar dos EUA.
Já o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse deplorar a ação israelense, pois pode causar uma escalada da violência na região.

Com agências internacionais


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