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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Ex-chanceler diz que premiê citou limitações 15 dias antes do ataque

Blair mentiu sobre ameaça, diz Cook

DA REDAÇÃO

O premiê Tony Blair sabia que a ameaça representada pelo Iraque era limitada e que o país não poderia acionar seu suposto arsenal proibido rapidamente, afirma o ex-chanceler Robin Cook em um livro que teve alguns trechos publicados ontem pela imprensa.
As afirmações estão em "Point of Departure" (ponto de partida), uma espécie de diário escrito por Cook durante seu período no governo, encerrado com a renúncia do posto de chefe do governo no Parlamento em protesto contra a decisão de invadir o Iraque.
O gabinete de Blair minimizou as alegações do ex-chanceler. "A idéia de que o premiê já tenha dito que [o ex-ditador iraquiano] Saddam Hussein não tinha armas de destruição em massa é absurda", disse um funcionário do gabinete que pediu anonimato. "Sua posição é consistente tanto em público quanto em particular, e seus colegas de gabinete sabem disso."
Em trechos do livro publicados no jornal "Sunday Times", Cook cita uma conversa que teve com Blair em 5 de março -15 dias antes da invasão do Iraque. Na ocasião, o governo tentava obter uma resolução da ONU que endossasse a guerra e Cook era o líder do governo na Câmara dos Comuns.
O ex-chanceler afirma ter dito ao premiê que as informações de que dispunha mostravam claramente que Saddam não possuía armas de destruição em massa capazes de atingir cidades estratégicas. Ele também teria perguntado se Blair se preocupava que o Iraque usasse munição química contra soldados britânicos.
A resposta do premiê, afirma Cook, foi: "Sim, mas todos os esforços [de Saddam] em esconder as armas tornaram difícil para ele acioná-las rapidamente".
O governo Blair defendeu um relatório que afirmava que Saddam poderia acionar seu suposto arsenal proibido em 45 minutos.
Essa informação originou a reportagem da BBC dizendo que o relatório sobre o Iraque fora "apimentado". A fonte da BBC, o conselheiro do Ministério da Defesa David Kelly -cujo nome foi vazado pelo governo após a reportagem-, se suicidou após depor sobre o caso no Parlamento.


Com agências internacionais

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