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Enquanto negocia, Morales planeja reeleição em 2009
Presidente boliviano retoma rodada de negociação com governadores de oposição
Governo pressiona por acordo final sobre Carta, pendente de referendo, que prevê eleições gerais
e reeleição de presidente
DA REDAÇÃO
Diante de uma assembléia de
apoiadores, o presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou
seus planos: aprovar nos próximos dias no Congresso a convocação dos referendos que faltam para promulgar a nova
Constituição e, como o texto
prevê, convocar eleições gerais
em junho de 2009, nas quais seria reeleito ao lado de um Legislativo também governista.
As declarações -que desenham um cenário de pesadelo
para a oposição, que tenta ao
menos adiá-lo- foram feitas
anteontem em Oruro (oeste),
horas antes de o presidente boliviano voltar a se reunir com os
governadores de oposição.
Tanto os planos como o
anúncio de Morales de que a
nova Carta, aprovada por constituintes governistas em 2007,
vigorará "por bem ou por mal"
compõem o clima de pressão
do Executivo para que a reunião com a oposição, que promoveu três semanas de violentos protestos contra o governo,
fosse "definitiva".
Até o fechamento desta edição, autonomistas e o presidente seguiam reunidos na cidade
de Cochambamba (centro),
diante de facilitadores, entre
eles os da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). O porta-voz da Presidência, Ivan Canelas, definiu o andamento do encontro como "alentador".
No discurso do governo, a
reunião era o prazo final para
que os opositores aceitassem o
acordo oferecido por Morales,
que consiste no apoio dos oposicionistas à nova Constituição
em troca da inclusão das autonomias pleiteadas pelos departamentos rebeldes, liderados
pela rico bastião agrogasífero
de Santa Cruz. Em negociação
específica, o governo aceitou
repor às regiões ao menos parte
de um imposto sobre gás redirecionado para pagar pensões.
Já os autonomistas tentavam
ganhar tempo e mostrar o encontro como apenas a retomada do diálogo, que começou em
18 de setembro e foi congelado
pela própria oposição nesta semana, em repúdio à prisão de
um opositor acusado pelo atentado contra o duto que transporta gás até o Brasil.
Durante a última semana, os
oposicionistas, debilitados,
avaliavam que seria difícil arrancar do governo mais mudanças na Carta, em temas como regime fundiário, apesar da
forte pressão de suas bases nos
departamentos.
Um dos referendos sobre o
novo texto constitucional decidirá se a área-limite das fazendas será de 5.000 ha ou 8.000
ha. A Carta prevê ainda reeleição do presidente (uma só vez)
e autonomia indígena, em igual
hierarquia com as autonomias
departamentais.
Os oposicionistas também
avaliavam que, com ou sem
acordo, o governo porá em
marcha o plano de Morales de
reeleição e domínio do Legislativo, animado pelos 67,4% de
votos obtidos no referendo que
o confirmou no cargo em agosto. Para tal, terá de aprovar no
Senado, controlado pelo Podemos (direita), a convocação dos
referendos da Carta.
O governo espera contar com
o apoio de dissidentes, independentes e, se preciso, com a
pressão dos movimentos sociais governistas, que já anunciaram que cercarão o prédio se
as consultas não forem aprovadas em uma semana.
Com agências internacionais
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