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EUA
Movimento antiaborto comemora vitória histórica, mas a constitucionalidade da medida já é questionada na Justiça
Bush ratifica lei que proíbe aborto tardio
DA REDAÇÃO
O presidente George W. Bush
sancionou ontem lei que dá aos
movimentos antiaborto dos EUA
uma de suas maiores vitórias nas
últimas três décadas. A lei, aprovada pelo Congresso em outubro
e que agora entra em vigor, proíbe
o "aborto com nascimento parcial", um procedimento médico
relativamente raro, feito principalmente entre a 20ª e a 26ª semana de gestação.
A cerimônia de assinatura, realizada com grande estardalhaço
em um edifício batizado com o
nome do ex-presidente Ronald
Reagan, representa o fim de uma
cruzada legislativa que teve início
em 1995, quando o Partido Republicano conquistou a maioria na
Câmara dos Deputados. Desde
então, o ex-presidente Bill Clinton
(democrata) por duas vezes havia
vetado leis similares, com o argumento de que elas não previam
exceções que protegessem a saúde da mãe.
"Durante anos, uma terrível forma de violência foi dirigida contra
crianças que estavam a poucos
centímetros de nascer, enquanto
a lei olhava para o outro lado",
afirmou Bush. Diante de centenas
de pessoas, o presidente continuou: "Hoje, finalmente, o povo
americano e o nosso governo agiram contra essa violência, em defesa de crianças inocentes".
Apesar de sua clara posição,
Bush não quer desagradar aos
eleitores menos conservadores.
Por isso, durante uma entrevista
coletiva na semana passada, voltou a enfatizar o discurso adotado
na campanha eleitoral de 2000,
quando afirmou que não se empenharia pela proibição total de
abortos porque a maioria da opinião pública do país não apóia tal
mudança.
Justiça vai examinar lei
O "aborto com nascimento parcial" é uma técnica quase exclusivamente utilizada para interromper a gravidez avançada e que representa grande risco para a mãe.
Suas indicações mais comuns são
para casos em que há morte do feto, risco de morte ou de danos à
saúde da mãe e más formações fetais. O procedimento de aborto
tardio se realiza induzindo o nascimento na reta final da gravidez.
Quando o parto está a meio caminho, o feto é morto com uma perfuração no crânio.
Os partidários da proibição sustentam que os casos previstos na
lei são relativamente raros. Já os
defensores do aborto criticam a
ausência de qualquer dispositivo
para proteger a saúde da mãe e
afirmam que a lei tem um texto
excessivamente genérico que poderia tornar ilegais vários procedimentos comuns e seguros.
Também temem que a nova lei seja o primeiro passo rumo à proibição total do aborto.
Bastante similar a uma lei aprovada em Nebraska que foi derrubada pela Suprema Corte três
anos atrás, a nova legislação impõe as maiores restrições à prática
do aborto desde o histórico caso
Roe versus Wade de 1973, cuja
sentença legalizou o ato no país.
Nos últimos dias, três grupos
ativistas entraram com ações contra a lei em tribunais federais da
Califórnia, de Nova York e de Nebraska. "Essa lei me parece altamente suspeita, quando não uma
violação da Constituição", afirmou o juiz encarregado do caso
em Nebraska, Richard Kopf, pouco antes de conceder mandado
preventivo impedindo a aplicação
da lei contra quatro médicos que
foram à Justiça contra a medida.
Diversos protestos estão sendo
organizados por ativistas pró-aborto, incluindo um gasto de
US$ 500 mil com a veiculação de
anúncios na TV em Washington e
nos Estados onde acontecerão as
etapas iniciais das primárias que
definirão os candidatos à eleição
presidencial de 2004.
Com agências internacionais
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